Menos tempo em redes sociais melhora autoestima e imagem corporal

Efeito é ainda mais importante nas mulheres jovens que estão mais vulneráveis a um ideal de magreza.

17 mai 2024 - 05h00
Que tal fazer uma pausa de pelo menos uma semana nas redes sociais para aumentar a sua autoestima?
Que tal fazer uma pausa de pelo menos uma semana nas redes sociais para aumentar a sua autoestima?
Foto: dusanpetkovic/iStock

Você tem se sentindo meio para baixo depois de passar algumas horas usando suas redes sociais? A receita para aliviar esse mal-estar pode ser bem fácil do que você imagina: faça uma pausa. Um novo estudo mostra que deixar de usar as redes por uma semana produz uma melhora significativa na autoestima e na imagem corporal.

O trabalho da Universidade de York, no Canadá, publicado no início do mês na revista científica Body Image, mostrou que esse efeito é ainda mais importante nas mulheres jovens que estão mais vulneráveis a um ideal de magreza. 

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A pausa proposta pelos pesquisadores incluía: Instagram, Facebook, X (antigo Twitter) e TikTok. Mesmo nas participantes menos preocupadas com seu corpo e aparência, o descanso das redes teve um efeito positivo. 

As novas tecnologias e o uso das telas potencializaram questões relacionadas aos padrões idealizados de beleza e de imagem corporal, antes restritos às mídias mais convencionais e de alcance mais limitado, como revistas e outdoors. Com isso, aconteceu um escalonamento de problemas. 

Ficar uma semana sem se comparar com os outros e trocar o tempo investido nas redes por hábitos mais saudáveis, como atividade física, passeios ao ar livre, encontros com amigos e sono melhor, podem ser parte dos mecanismo que produzem uma sensação de bem-estar nas pessoas que “desmamam” das redes.

Levando-se em conta que adolescentes são ainda mais vulneráveis a questões de insegurança, autoestima e imagem corporal, e que seu uso das redes sociais tende a ser mais frequente do que em outras faixas etárias, é possível que esse efeito da pausa forçada seja ainda mais significativo para eles, principalmente para as garotas jovens. 

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Outro trabalho recente da Universidade de Toronto, também do Canadá, mostrou que cerca de 17% dos adolescentes dizem já ter experimentado bullying relacionado ao seu peso na internet, especialmente em plataformas como o X e o Twitch. Foram entrevistados cerca de 12 mil jovens de 10 a 17 anos na Austrália, Canadá, Chile, México, Estados Unidos e Reino Unido. Os resultados foram publicados no periódico PLOS ONE. 

Os jovens passavam, de acordo com o levantamento, cerca de 7,5 horas de tempo recreativo nas telas. Houve um aumento de 13% no bullying para cada hora adicional uso de tecnologias. Dessa forma, menos tempo de rede pode significar menor exposição ao risco de múltiplas violências, o que ajuda na melhora da autoestima e da percepção da imagem corporal. 

Os resultados dos dois estudos reforçam a posição e as orientações dos especialistas em comportamento digital. Se possível, adie o máximo possível o contato das crianças com as redes sociais, monitore o tempo de uso de tela e trabalhe a questão da educação digital dos jovens: é importante que eles aprendam desde cedo a criar filtros e a reconhecer o que pode estar trazendo desconforto, riscos e mal-estar para sua vida. Assim, fica mais fácil eles mesmos controlarem o uso que fazem das redes e das tecnologias. Isso vale tanto para conversas em casa como para as discussões na escola.

Vocês têm conseguido fazer esse trabalho com os filhos e os alunos? 

*Jairo Bouer é psiquiatra e escreve semanalmente no Terra Você.

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Fonte: Jairo Bouer
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