O novo e o futuro naturalmente trazem incertezas e medo. Isso é muito parecido com quando você anda em um quarto escuro. A ausência do entendimento do que vai encontrar pela frente lhe deixa preocupado. Será que vou tropeçar? Será que tem um monstro me esperando? Era isso que você pensava quando criança.
O medo é uma reação natural e um convite para você analisar a situação em que se encontra e, por meio dessa análise, achar um pouco de cautela. Assim que a cautela é encontrada, você pode deixar o medo de lado e dizer: “obrigado medo, mas você já cumpriu a sua função. Agora eu vou seguir adiante!”.
Pela sua natureza sempre desconhecida, o novo traz esse medo e também a ansiedade. A ansiedade é definida de uma maneira muito interessante na meditação: é a sua mente que fugiu para o futuro e não consegue mais voltar. Nela, você só pensa no futuro e não consegue sentir, viver e apreciar o momento presente.
Se a ansiedade está muito intensa, ela rouba sua energia. Portanto, se a sua mente fugiu para o futuro, parte da sua energia também fugiu. E assim, fragmentado, você não consegue criar o novo, o agora.
Descoberta de si mesmo
As escolhas são momentos importantes da vida, na qual você descobre quem realmente é. Além de se descobrir, você reforça isso e suas escolhas são baseadas em quem você é. Por exemplo: se você decide que é uma pessoa amorosa e de perdão, a escolha fica fácil, porque tudo o que você for fazer relacionado a amor e perdão já foi decidido quando você falou “eu sou uma pessoa amorosa e que perdoa”.
Se você está em dúvida entre trabalhar no exterior ou trabalhar no Brasil, é preciso perceber que toda dificuldade de escolha é uma dúvida sobre a sua identidade. Assim que você decidir dentro de você, na sua identidade, “eu sou um brasileiro que gosta de morar no Brasil”, o restante está decidido. Ou se você decidir “eu quero muito uma experiência no exterior, eu sou ousado, corajoso e aberto e eu quero experimentar aquela possibilidade”, também já está decidido.
Portanto, é importante entender todas as partes desse mecanismo. Primeiro, o medo é sempre um pedido de cautela. Segundo, a ansiedade é quando a sua energia está indo mais para o futuro do que para o momento presente. E é só no momento presente que você pode criar o futuro que deseja. Você pode imaginar o futuro, mas a sua energia tem de estar no presente. E, por último, para fazer escolhas, é preciso entender que toda dificuldade de escolha é uma dificuldade de entender quem você é.
E assim tudo vai ficando mais lógico, porque quando você decide quem você realmente é, você consegue decidir o que vai fazer. As incertezas vão continuar lá no detalhe, porque o mundo é imprevisível.
Mas se ainda está difícil de fazer uma escolha, se você tem medo, deixo uma última sugestão: agarre-se na sua grande certeza. Talvez, você tem certeza apenas do seu amor pelo seu filho ou tem certeza de que é uma pessoa que escolhe fazer o bem. Talvez você tenha certeza que ama música ou que é excelente em matemática, por exemplo.
Quando você tiver em grandes dúvidas, agarre-se às suas grandes certezas. E a partir disso defina a sua real identidade. Todo o resto virá naturalmente disto.