Em 2016, Vergie "Gigi” Arandid acabou com o veículo da irmã em um acidente de carro. Os resultados do bafômetro mostraram que ela havia bebido mais de duas vezes o limite legal americano, onde a "Lei Seca” não existe. Seria o equivalente a ingerir 10 Jack and Cokes, drink que mistura uísque com refrigerante.
Depois do episódio, a filipina foi obrigada a frequentar o “Alcóolicos Anônimos” e passar por um período de reabilitação. O que ela mais sentia falta, porém, não era da bebida, e sim do convívio social, das festas e de ambientes que geralmente são regados a álcool, como bares e baladas.
Ao lado de uma amiga que também passou por um período de reabilitação, Hawkins, ela começou a espalhar a mensagem do "não-álcool" por aí; até que, em fevereiro de 2023, elas decidiram abrir o Binge Bar.
Antes da decisão de tornarem-se sócias, porém, as melhores amigas chegaram a ficar um tempo se falar. Elas trabalharam juntas em uma loja de departamento logo que Gigi mudou-se das Filipinas para Washignton e ambas viveram períodos intensos durante o começo da vida adulta, sempre com bebidas e festas.
Até que, um dia, uma briga afastou as duas, que ficaram anos sem se falar. O contato só foi reestabelecido depois que Hawkins, hoje com 35 anos, chegou ao 9º passo de AA: fazer as pazes. E a sobriedade levou as duas ao empreendedorismo.
"Venha como você é"
"Come as you are” é o slogan do Bar. Em português: "venha como você é". Por lá é possível encontrar grávidas, pessoas que pararam de beber por motivos religiosos e muitos usuários do TikTok.
No cardápio dá pra encontrar bebidas populares, como o Espresso Martini, e outros drinks que não imitam o sabor do álcool. O mais popular da casa? “Cucumber Mangorita”, uma mistura de sucos naturais com pepino.
Em entrevista ao jornal Washigton Post, Gigi, que tem 38 anos, disse que acredita que o movimento não-alcoólico "não é uma tendência” e sim algo que veio para ficar. Números e pesquisas comprovam o que a empresária disse.
"NoLo” o movimento sem ou com baixo teor de álcool já bomba lá na gringa. Segundo uma pesquisa da IWSR Drinks Market Analysis, o consumo dessas bebidas atingiu US$ 11 bilhões em 2022 e prevê-se que aumente um terço até 2026.
Ainda, um relatório descobriu que a população da Geração Z bebe 20% menos per capita do que a geração Y, que por sua vez bebe menos do que a Geração X e os baby boomers. Em janeiro, vimos o movimento “Dry January” encher os feeds das redes sociais de depoimentos sobre pessoas que optaram por um janeiro sóbrio.
E dados mostram que essa onda não deve passar após janeiro. Um estudo da Gallup verificou que jovens americanos com idades entre os 18 e os 34 anos bebem menos do que as gerações passadas.
Pelo visto, a tendência é que bares como o Binge Bar se tornem cada vez mais populares.