Blogueira: "ensinei meu bebê de 5 meses a usar a privada"

Mãe de Luca, Manuela Tasca relata surpresa com técnica que faz com que bebês comecem a usar o vaso sanitário

21 jul 2015 - 09h15
(atualizado às 09h22)
Foto: Yellow Baby Blog / Reprodução

Ao ficar grávida, a carioca Manuela Tasca, de 32 anos, decidiu pesquisar por práticas que lhe ajudassem a reduzir a pegada ambiental e o estresse ligado à criação e aos cuidados com o filho. Como ela conta em seu blog, adotou fraldas de pano, abriu mão do berço e do carrinho e optou por um carregador de pano (sling). A pesquisa a levou a uma técnica que permite que bebês usem o vaso sanitário com poucos meses de idade. A princípio, Manuela achou que a chamada Elimination Communication (EC) fosse uma maluquice. Mas depois mudou de ideia. A seguir, ela conta sua experiência com Luca:

"Ainda grávida, eu estava vasculhando a internet atrás de dicas e métodos milagrosos para criar bebês sem estresse quando entrei em contato com algo que me chamou a atenção: bebês que usam a privada.

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Parecia lenda, coisa de mães inseguras que queriam fazer com que todas as outras mães do mundo se sentissem péssimas porque seus bebês agiam como... bebês, fazendo suas necessidades em fraldas.

Mas decidi me aprofundar nesse método de maternidade: o 'Elimination communication', ou EC. Baixei um livro sobre o assunto, devorei todos os vídeos disponíveis no YouTube e li vários relatos em uma comunidade de apoio ao EC no Facebook.

Cheguei à conclusão de que não era para nós. Pensava já estar fazendo minha parte como mãe no momento em que larguei meu emprego, optei por fraldas de pano e dispensei o carrinho para usar um sling.

Mas como a gravidez e tudo relacionado a bebês tinha virado o principal assunto lá em casa, contei ao meu marido a estranha história dos bebês sem fralda. E saiu da boca dele uma frase que não esperava: 'É, acho possível, sim'.

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Fiquei irada. Pensei que era fácil achar que daria certo quando não seria ele que passaria o dia com uma criança pelada. Adoraria criar um peladinho, mas não somos índios.

Após bombardear meu marido com um discurso feminista-moralista e dizer que ele estava maluco, não pensei mais no assunto – até que o Luca veio ao mundo.

Foto: Yellow Baby Blog / Reprodução

Um dia, quando o nosso pequeno se alimentava, fez uma cara de que estava fazendo pressão. Uma careta vermelha com direito a barulhinhos estranhos e bateção de pé.

Nesse momento, meu marido largou tudo, o tirou da cadeirinha e o levou para o vaso. E, assim, aos 5 meses, Luca fez cocô sentado na privada pela primeira vez.

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A partir daí, fomos aperfeiçoando a técnica. No primeiro sinal de que ele queria fazer cocô, tirávamos a fralda e o sentávamos no vaso.

Não perdemos quase nunca uma deixa e, há um mês, ele ficou condicionado. Agora, não esperamos nem ele dar sinal. Todas as manhãs, o colocamos no vaso e ele faz cocô, nos deixando livres da sujeira pelo resto do dia.

Isso melhorou muito nossas vidas. Significa para nós não só um desfralde mais tranquilo, mas, principalmente, fraldas sem cocô, o que dá tranquilidade para viajar, exige levar menos produtos de limpeza na bolsa e nos garante momentos de muita diversão em família quando nos reunimos no banheiro para acompanhar o Luca.

Acreditava que o EC era algo muito complexo e cheio de regras. Porém, depois de praticá-lo, percebi que só há uma: prestar atenção ao bebê.

Todos dão algum sinal de que querem se aliviar desde o primeiro dia de vida, seja com uma expressão facial diferente, batidinhas com os pés, irritação.

A ideia é notar este momento e, sem demora, tirar a fralda para que o bebe se acostume a fazer cocô pelado. Os primeiros dias são mais complicados e requerem paciência e atenção para não perder a deixa. Mas, depois, evolui.

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Com o tempo, é possível introduzir um som, como um chiado para o xixi ou até mesmo a palavra xixi e cocô, fazendo com que a criança associe o som ao ato e, mais tarde, até consiga se comunicar por meio da fala.

Sei que não parece tão simples, mas bebês costumam ter horários regulares para se aliviar, como depois das refeições ou de acordarem, o que facilita o esquema.

A dica é se concentrar no bebê nestes horários, tirar a fralda quando ele der um sinal e ficar esperando. Depois, é bom memorizar ou registrar em um caderno como ele ou ela reagiu.

Nós ainda usamos fraldas para o xixi, mas estamos caminhando rumo à liberdade. Se tenho um arrependimento? Não ter dado início a esse processo mais cedo.

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No fim das contas, esta não é só a história do Luca, um bebê que aprendeu muito cedo a usar a privada, mas também de seus pais, que aprenderam muito com ele."

Foto: Yellow Baby Blog / Reprodução

Sem fraldas?

A técnica usada pela blogueira Manuela Tasca tem na escritora Ingrid Bauer uma de suas principais defensoras. Bauer cunhou o termo "elimination communication" (EC ou comunicação de eliminação, em inglês) em um livro publicado em 2001.

Ela conta que havia viajado para a Índia e para a África, onde notou que a maioria das mães ia para todos os lados com bebês sem fraldas. Pesquisou sobre o assunto, encontrou uma literatura de três décadas dedicada a ele e decidiu aplicar o que aprendeu com seus filhos, usando o mínimo de fraldas possível.

Entre os benefícios que esta técnica por trazer, segundo Bauer e autores de outras obras do tema, estão um menor impacto ambiental e a economia de dinheiro gerados pelo uso de menos fraldas, além da praticidade e de evitar problemas associados ao uso delas, como assaduras.

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Mas a prática também é alvo de críticas. O pesquisador T. Berry Brazelton defende que uma criança pode ser treinada para usar a privada a partir de 18 meses, um processo que se completa aos 2 ou 3 anos. Brazelton avalia que fazer isto antes pode ser considerado um tipo de coerção e gerar problemas psicológicos.

O especialista ainda afirma que o EC pode ser possível, mas difícil em sociedades ocidentais, especialmente com o retorno da mãe ao trabalho. Ele ainda defende que ninguém deve se sentir culpado se não conseguir ou quiser fazer o mesmo.

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