Zô, Juliana e Vanessa. Três mulheres de idades que variam entre 30 e 40 anos, de classes sociais e regiões diferentes. Elas não se conhecem, mas experienciam – cada uma de seu canto – a maternidade solo.
Quando questionadas sobre “como dar conta”, todas respondem a mesma coisa: “Não dá conta”. E entender que não dá para dar conta (e que está tudo bem) é a base para tentar criar espaços de relaxamento dentro de um contexto bastante só.
Sem tempo para romance
Ela acredita que tentar driblar a culpa pela ausência diária do pai é uma estratégia importante, uma vez que “algum tópico sempre vai ficar em falta”. “Assim como eu, muitas mães não têm tempo para se dedicar a um novo relacionamento amoroso, que demanda dedicação, tempo e energia. Como não há momentos em que o filho fica com o pai, a mãe se dedica exclusivamente ao trabalho e à criança. Se aprofundar em uma relação significa menos tempo com o filho, o que é algo muito doloroso”.
A importância da rede de apoio
Zô diz que buscou apoio em grupos de mães solo em redes sociais, e que fez uma diferença bem positiva para ela. Amigas com filhos por perto também era uma boa estratégia – uma ajudava a outra, e até os encontrinhos podiam acontecer com mais facilidade. “As crianças ficavam brincando em casa e a gente bebia um vinho e conversava”.
Hoje, com o filho maior, ela tenta curtir um samba e eventos diurnos com a cria por perto. “Levo ele comigo, e ele gosta. Já levei muitas vezes para o trabalho, também, e ele achava o máximo”.
Mas Zô ressalta que, sem uma rede de apoio, seria impossível viver. A dela é formada pela mãe, pela cunhada e pela irmã. “Três mulheres que foram essenciais para que eu conseguisse conciliar minimamente a maternidade com a minha vida profissional. Além disso, faço um mestrado cujo tema é maternidade solo. As contas precisam ser pagas, e conversando com a criança, ela entende isso”.
Como amenizar a solidão
Juliana e Vanessa citam o mesmo termo: rede de apoio. A de Juliana, 30, são os pais, avós de seus três filhos, de 12, 8 e 6 anos. Ela decidiu trabalhar como autônoma para se dedicar aos meninos – enquanto eles estão na escola, ela sai para vender produtos. Quando eles voltam, ela faz questão de estar em casa. Quando as férias chegam, os filhos vão junto dela para o trabalho.
“A gente vai deixando muita coisa de lado para se encaixar na vida e na rotina dos filhos. Uma mãe solo se encaixa na vida dos filhos, não são os filhos que se encaixam na rotina dela. Tudo muda”, diz.
Incentivar filhos independentes
“Uma dica é criar filhos independentes, para que facilite a rede de apoio. Se a mãe não incentiva essa independência, as crianças vão ter dificuldade para ficar longe, quando for necessário. E essa separação, às vezes, é necessária, para que essa mãe exercite um pouco seu lado mulher. Saia para passear e namorar”, afirma.
Pequenos prazeres
Zô tenta, pelo menos periodicamente, assistir a alguma série e tomar uma taça de vinho para relaxar. Juliana sai para caminhar na rua e assistir a filmes de que gosta. Ela também curte ler livros, e aproveita quando os filhos estão com os avós para colocar tudo isso em prática.
Vanessa Menegatti, de 33 anos, diz que o segredo é não se cobrar tanto e entender que é necessário “fazer o que dá”. Ela cria uma rotina para antecipar ao máximo as tarefas do dia seguinte, como deixar a mochila do filho pronta no dia anterior e cozinhar para a semana.
“Para uma mãe solo, momentos de lazer costumam ser limitados. Por isso, é bem importante ter uma rede de apoio. Para relaxar, escuto músicas enquanto tomo banho – que é um momento bem relaxante para mim. Quando meu filho está com os avós, tento visitar lugares de que gosto – ir a shows ou casas de rock –, além de fazer exercícios mesmo em casa. Eles ajudam a criar disposição para tarefas diárias”.