De acordo com a lei, você é considerado adulto aos 18 anos de idade. É quando geralmente atingimos nossa altura máxima e quando nossas funções biológicas estão no auge. No entanto, ser adulto não é só sobre idade: também inclui sentimentos, pensamentos e como nos encaixamos na sociedade.
Um estudo conduzido na Austrália disse que a adolescência pode se estender até os 24 anos, e cientistas em Cambridge, no Reino Unido, sugeriram que as pessoas não se tornam totalmente "adultas" até os 30 anos. A sensação de ser adulto também está ligada à cultura e à sociedade de cada geração. Enquanto os mais jovens passam mais tempo estudando, gerações passadas muitas vezes começaram a trabalhar mais cedo.
Nesta segunda-feira (15), que marca o Dia do Adulto, a psicóloga Julia Penna, do Órion Complex, explica ao Terra que os resultados apontados pelos estudos acontecem por um conjunto de fatores.
“Isto está ocorrendo pelo aumento de anos de estudo, inserções profissionais mais tardias e instáveis em um mercado de trabalho mais exigente, investimento na formação profissional prolongada e pela flexibilização de negociação nas relações familiares. Hoje, há uma negociação muito maior entre pais e os filhos adultos jovens, o que possibilita eles terem mais autonomia mesmo morando com os genitores”, diz a profissional.
Vida adulta não pode ser vista de forma negativa
Contudo, a especialista ressalta que os jovens não precisam se alienar sobre uma eterna juventude mesmo morando com os pais e que atitudes como ingressar no mundo profissional e se responsabilizar por tarefas também fazem parte do processo de amadurecimento.
“Este amadurecimento não será tão completo até você sair de casa, ter independência financeira e se responsabilizar de forma plena por suas contas e vida”, explica Penna.
É comum que pessoas mais experientes ressaltem o quão difícil é “crescer” devido as realidades que a vida adulta impõe, como contas a pagar, trabalho e montar uma família. Porém, a psicóloga avalia que reforçar só os pontos negativos de se tornar adulto não ajuda no processo.
“Pode prejudicar o jovem a sair de casa se ele vê a adultez só como negativa, especialmente nos tempos atuais, em que os jovens adultos têm muito mais liberdade na casa dos pais e sair representa muito mais ir em direção ao desconforto, de poder passar dificuldades e/ou por limites financeiros maiores, de ter mais obrigações e tarefas. Isto tudo pode fazer com que o jovem adie essa saída”, ressalta Julia.
Não é tão difícil
A especialista compartilha que é possível auxiliar os jovens a enfrentar a vida adulta pontuando os benefícios de ter autonomia e liberdade pessoal.
Ela sugere que isso pode ser feito ressaltando os pontos positivos da saída da casa dos pais, como ter autonomia ainda maior em como sua própria casa é organizada e em relação às atividades que se deseja fazer. Julia ainda salienta que ser adulto não é tão difícil como muitos imaginam.
“Ser adulto tem ônus e bônus, como tudo na vida. Tem muito mais responsabilidades, exigências e desafios. O que pode também trazer mais preocupações, mas também tem a parte muito boa de trazer mais autonomia, independência, um grau muito maior de poder de escolha sobre a própria vida, amadurecimento, desenvolvimento e evolução pessoal”, afirma.