Especialista dá dicas para pais controlarem o acesso das crianças a dispositivos digitais; confira brincadeiras para programar nas férias
Como afastar as crianças dos recursos cada vez mais atraentes das telas, seja o celular, o tablet, o computador ou a TV? Sobretudo nas férias escolares, quando grande parte dos pais segue trabalhando, há uma tendência maior de permitir o uso prolongado de dispositivos digitais ou equipamentos eletrônicos, uma vez que os filhos passam mais tempo em casa. Porém, é nessa hora que os responsáveis devem estabelecer regras para que as telas não dominem as horas livres dos pequenos.
"É fundamental que o bom senso prevaleça", ensina Danielle H. Admoni, psiquiatra geral e da infância e adolescência, pesquisadora e supervisora na residência de psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM) e especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). "Se a criança já fez os deveres, interagiu com os colegas e praticou atividades físicas, ela pode ter acesso às telas", recomenda.
Danielle reforça que os pais ou responsáveis devem rever a exposição às telas se os afazeres diários ou os momentos de lazer off-line estiverem sendo negligenciados. Assim, se os pequenos deixam de estudar ou brincar para se concentrar em vídeos e jogos on-line, é preciso intervir. Nesse caso, cabe ao adulto oferecer outras formas de lazer.
Mas a psiquiatra ressalta que não basta indicar atividades off-line aos filhos. Pais ou responsáveis devem acompanhá-los nessas experiências, principalmente nas férias, como jogar bola, nadar, correr, andar de bicicleta, etc. É a partir dessa integração que essas vivências serão mais gratificantes às crianças e poderão substituir o tempo gasto em frente às telas. "Não adianta o pai mandar a criança brincar, enquanto ele mesmo passa o tempo todo no celular, inclusive no momento das refeições. O exemplo é a coisa mais importante", frisa a psiquiatra.
Linguagem em foco
O uso excessivo de dispositivos digitais por crianças pequenas pode afetar o desenvolvimento da linguagem. É o que revela um estudo do Panacea Journal of Linguistics and Literature, publicação internacional com foco em artigos de pesquisa nas áreas de linguística e literatura.
De acordo com esse levantamento, realizado no ano passado por pesquisadores educacionais ligados a Universitas Muhammadiyah Purwokerto, da Indonésia, o tempo dedicado às telas tende a diminuir a frequência de contato das crianças com outras pessoas, o que pode levar a atrasos na fala e afetar a capacidade de aprendizagem.
"Não adianta o pai mandar a criança brincar, enquanto ele mesmo passa o tempo todo no celular, inclusive no momento das refeições. O exemplo é a coisa mais importante", frisa a psiquiatra Danielle H. Admoni.
4 sugestões de brincadeiras para as férias
1 - Caça ao tesouro
Recorte pedaços pequenos de papel e espalhe essas pistas pelo quintal. Cada pista leva para a próxima, até as crianças encontrarem o prêmio principal, que pode ser algo gostoso para comer ou um brinquedo de uso coletivo, como um divertido jogo de tabuleiro.
2 - Um dia de chef
Escolha uma receita simples e peça ajuda à criança para o preparo. Distribua as tarefas, de modo que ela assuma as etapas menos arriscadas. Por exemplo: se escolher pizza, você corta os frios enquanto ela espalha o molho pelo disco de massa. Elogie o empenho dela.
3 - Desenho engraçado
Entregue folhas de papel para as crianças e proponha um tema, como o corpo humano ou um castelo encantado. Estabeleça um tempo e quando cada uma tiver desenhado uma parte, troque as folhas: as crianças deverão retomar o desenho daquele ponto. Vá trocando até que todo mundo participe de todos os desenhos.
4 - Adivinhação
Antes dessa brincadeira começar, defina um tema, como comida, animal, música ou super-herói. A
primeira criança deve fazer mímicas para que as outras adivinhem o que ela está tentando comunicar. Quem acertar primeiro será o mímico da próxima rodada.
