Se identifica com a autoestima de Tamires? Saiba por quê

Especialistas falam sobre a autoestima da brasileira: assim como acontece com algumas participantes do BBB15, o amor próprio anda em baixa

12 mar 2015 - 12h01
(atualizado em 13/3/2015 às 08h06)
<p>Participantes da 15ª edição do BBB sofrem com falta de amor próprio</p>
Participantes da 15ª edição do BBB sofrem com falta de amor próprio
Foto: TV Globo / Divulgação

Tamires se sentia gorda, comia para compensar, e ganhava mais quilos. Amanda foi rejeitada por Fernando, que se encantou por Aline, uma loira de medidas estonteantes e cabelos longos. Talita se sentia invisível, pouco notada.

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Já se sentiu dessa forma ou viu uma amiga sofrer por estes motivos? Faz sentido: a autoestima da mulher brasileira não anda lá essas coisas, ao que tudo indica.

As descrições acima, no caso, são de participantes do BBB, reality da Globo que já se aproxima da reta final. O grupo feminino que deu cara à 15ª edição do programa se destaca por uma particularidade: a falta de amor próprio.

Curiosamente, as sisters que mais demonstravam autoconfiança, como Francieli, Angélica e Aline, saíram antes do jogo, por voto popular.

Mas será que a maioria das mulheres se identifica mesmo com esse comportamento? Segundo especialistas ouvidas pelo Terra, sim. A autoestima baixa é um traço de personalidade bastante presente entre as brasileiras. E o que as levaram a este estágio é uma combinação de fatores, que andam lado a lado com uma busca desenfreada pela perfeição na carreira, na vida familiar e, sobretudo, diante do espelho.

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Karina Flôr, 35, que é bancária e mora em Curitiba, diz que luta diariamente contra este sentimento. No ano passado, ela inclusive encabeçou a organização do 1º Simpósio Nacional sobre a Autoestima da Mulher (Sinaem), um evento online que trouxe 32 especialistas ligados ao assunto. "O objetivo desse evento foi ajudar as mulheres a resgatarem o amor próprio e a autoconfiança", conta.

Tamires tinha sérios problemas com o espelho e vivia sofrendo por se sentir gorda
Foto: Paulo Belote/TV Globo / Divulgação

Para ela, a baixa autoestima feminina virou uma "epidemia". "É muito raro encontrar uma mulher que se sinta satisfeita com o que ela é. Ou é o cabelo que não está bom, a pele, o corpo que precisa mudar. Ou ela não se sente capaz de crescer na carreira, sair de um relacionamento destrutivo por medo de ficar sozinha. Algumas mulheres não conseguem dar sua opinião sobre algum assunto por medo de serem julgadas, criticadas. O sentimento de inadequação é bastante frequente, estão sempre exigindo mais delas mesmas, nada nunca é suficiente”, observa.

A psicóloga Cintia Seabra, que é coach especialista em emagrecimento, concorda que o amor próprio entre as brasileiras está em baixa. A profissional observa isso com base em sua experiência clínica e também por seu programa online para perder peso.

Segundo ela, de cada dez usuárias, nove sofrem de baixa autoestima. “Até quem tem tudo para estar com a autoestima em alta não se valoriza. O olhar é muito comparativo e está sempre voltado para aquilo que você não tem, para o que você não é, para o que você não faz. As mídias sociais incitam demais este comportamento”, analisa.

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Identificação com o drama

Tamires, a dentista que deixou a ‘casa mais vigiada do Brasil’ no último domingo (8), foi a participante que mais demonstrou baixa autoesetima e inclusive chegou a assumir essa característica no programa Mais Você, em entrevista a Ana Maria Braga.

Quem sofre do problema, segundo as profissionais ouvidas, às vezes exagera no drama e na emoção e, com isso, atrai maior atenção. "O público se comove com o sofrimento delas e se identifica. Quem é que nunca sofreu por se sentir rejeitado em um grupo ou insatisfeito com a sua aparência?", questiona a psicóloga Miriam Barros.

Cintia concorda que é mais fácil se solidarizar com quem se vitimiza. "As pessoas costumam tomar as dores e se identificar com quem é coitadinho, é deixado de lado, quem sofre com dilemas humanos. Acredito que este seja o pano de fundo para explicar quem fica e em quem sai do BBB. E não podemos negar que quem sofre com baixa autoestima veste tranquilamente esta roupagem", acrescenta.

Tamires saiu da casa pois não aguentou a pressão do confinamento, aliada à baixa autoestima
Foto: Paulo Belote/TV Globo

Mulher com autoestima assusta

Outro consenso é que as mulheres com o amor próprio muitas vezes são mal interpretadas na cultura brasileira. "Acabam assustando e gerando uma cobrança ainda maior naquelas que não se sentem capazes de estarem lindas, fortes, simpáticas e sorridentes o tempo todo", afirma a psicóloga Ana Carolina Furquim Bertoni.

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Segundo a especialista, pessoas fortes muitas vezes amedrontam e podem gerar antipatia, "enquanto que aquelas com baixa autoestima podem gerar um sentimento de pena, de carinho e até identificação com nossas próprias fraquezas", afirma.

Cintia concorda, e nota que geralmente as mulheres que confiam em si são percebidas como metidas, esnobes e arrogantes. "A autoestima está relacionada à capacidade de se respeitar, acreditar e amar a si mesma."

Como nasce a baixa autoestima

Assim como no BBB, muitas mulheres se sentem amedrontadas diante do padrão de beleza imposto pela mídia, que não corresponde à realidade da maioria. Com isso, a insatisfação com o espelho só aumenta.

Segundo Cintia, a autoestima feminina está bastante ligada à aparência física. Diferente dos homens, que tendem a se comparar mais no âmbito profissional. Mas ela explica que o sentimento começa de dentro para fora, e não o contrário. "Não é que a pessoa engorda e por isto perde a autoestima. Na verdade, ela perdeu primeiro a autoestima e depois engordou", exemplifica.

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Mirian reforça que a comparação com imagens de mulheres com corpo magro, rosto perfeito e cabelos maravilhosos muitas vezes acontece até de forma inconsciente. "Com isso surge a insatisfação, a necessidade e o desespero de fazer qualquer coisa para se aproximar desses padrões. No fundo, o que toda essa propaganda transmite é que só seremos felizes e atrairemos os olhares de homens e mulheres se formos parecidas com essas modelos."

A ex-sister engordou na casa e se sentia mal por isso
Foto: TV Globo / Divulgação

A sensação de insatisfação com si própria também pode estar ligada ao acúmulo de papeis da mulher na sociedade atual, o que faz com ela se sinta sempre em falta com alguma coisa. "Na maior parte das vezes, ela não tem o respaldo do marido e nem das empresas para poder ser mãe e profissional competente. Isso aumenta a sensação de estar abaixo daquilo que gostaria de ser. Mais uma vez a mídia também acrescenta mais peso nesse sentido, pois passa a ideia de além de todos os papéis que a mulher desempenha, ainda tem que estar linda, magra e disposta para namorar", afirma a profissional.

Ana Carolina concorda, e diz que toda essa cobrança só gera frustração. "Quando vemos que não somos infalíveis, que não estamos conseguindo ser a mulher maravilha da propaganda da TV ou a amiga que parece esbanjar felicidade e autoconfiança, ficamos derrotadas”, observa.

Não é de se espantar que esse sentimento seja mais comum entre as mulheres, que são muito mais cobradas. "Se o homem tem uma barriga, está acima do peso, justificativas como 'ele trabalha demais' ou 'não tem tempo para se exercitar' são são facilmente aceitas pela sociedade", observa Cintia.

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Amanda (à esq.) também sofreu por ter sido rejeitada por Ferndando
Foto: TV Globo / Divulgação
Autoestima: já trabalhou a sua hoje?

As fontes consultadas forneceram algumas dicas para quem está precisando dar uma turbinada na autoestima. Se é o seu caso, tome nota.

1. Pare de se comparar com outras pessoas

“Nós mulheres somos especialistas em fazer comparações, e pior, comparamos nosso ponto fraco com o ponto forte da outra pessoa, o que é desumano. Pare com isso e entenda que você é única, com uma história única, e que tudo o que você viveu colaborou para você se tornar a mulher incrível que você é hoje”, indica Karina.

2. Enxergue seus pontos positivos

“Reconheça os seus pontos fortes e valorize-os. Invista tempo em atividades prazerosas e se cuide”, indica Miriam.

3. Aceite seus erros com serenidade

“Não fique se culpando quando cometer um erro. Siga em frente e deixe de ser seu próprio carrasco”, recomenda Karina.

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4. Reconheça o que te traz felicidade

“É importante reconhecermos o que nos faz feliz, e isso é totalmente individual. O que me traz felicidade provavelmente é diferente do que trará a você. Não podemos sair ‘comprando’ o ideal de felicidade que é vendido por aí de baciada. Reconhecer nossos prazeres e limites traz segurança e serenidade para encararmos o desafio de ser mulher”, aconselha Ana Carolina.

5. Pode se cuidar, sim!

“Cuidar de si não tem nada a ver com egoísmo. Muitas mulheres se abandonam para cuidar de outras coisas ou pessoas e têm receio que, se cuidarem de si, serão vistas ou percebidas como egoístas”, sugere Cintia.

6. Descubra o que faz seu olho brilhar

“Pode ser uma segunda carreira, um trabalho voluntário ou até um hobbie. Quando você começa a fazer algo que ama, sua autoestima vai lá em cima, pois você tem a sensação de dever cumprido, de uma vida com propósito. E de quebra você ainda vai parar de sentir inveja - sentimento muito presente quando temos baixa autoestima -, pois, descobrindo a razão da sua existência, você vai se alegrar de verdade quando alguém do seu convívio se der bem!”, recomenda Karina. 

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Qual é o seu tipo de selfie?

Fonte: Terra
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