A Durex Global Sex Survey, sobre o comportamento sexual das pessoas, foi divulgada no Brasil pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (Prossex) e mostrou que apenas 22% das mulheres sempre chegam ao orgasmo no sexo, contra 52% dos homens. Do total, 28% delas alcançam mais fácil o clímax quando se masturbam do que em companhia do parceiro. O motivo, segundo os entrevistados pelo Terra, é o pudor que a mulher ainda sente na hora de se entregar completamente na cama e instruir o homem: “justamente por esse tabu do silêncio feminino existir, a tendência é haver uma relação fria, criando sempre um ponto de interrogação da cabeça do homem”, disse o educador físico A. P. F.
A pesquisa também descobriu que os homens estão cada vez mais preocupados em satisfazer as parceiras, e os entrevistados foram prova disso. Eles contaram que ainda existem os machistas “que se preocupam mais com o próprio prazer”, disse o líder de projetos de infraestrutura de T.I. Rômulo Graciose. No entanto, “a situação tem melhorado bastante e hoje existe a preocupação com o prazer mútuo”, acrescentou. Segundo Graciose, homens e mulheres têm pesquisado sobre como proporcionar sexo de qualidade para a outra parte. “Acredito que não haja nada mais excitante para um homem do que ver a respectiva parceira tendo prazer. Independente se tenho sucesso ou não, o que busco no sexo é o prazer da minha parceira, o meu será consequência”, disse o gerente de negócios J.V.C.L.
Mas nem sempre todo esse esforço surte bons resultados, geralmente, segundo eles, pela não correspondência da mulher. “Pouca conversa” e “vergonha” estão entre as razões, na opinião de A.P.F. “Percebo, às vezes, muita timidez nas mulheres, talvez pensem que se fizerem um bom sexo acharemos que são ‘profissionais’. Algumas realmente não se entregam na cama, isso as trava e dificulta o orgasmo”, complementou J.V.C.L. O analista de projetos em T.I. Nairo Alberto Rocha expressou opinião parecida. Para ele, o preconceito social contra mulheres que gostam – e não escondem – de sexo acaba causando inibição. O problema surge ainda na puberdade, enquanto os homens recebem revistas pornôs e são incentivados à masturbação, elas são educadas a se preservarem.
A consequência das restrições que a mulher sofre durante a adolescência implica na falta de conhecimento do próprio corpo e até de como obter prazer, disse Graciose. As mulheres sentem medo de serem julgadas por algo tão comum na vida dos homens: a masturbação, disse Rocha. “Consequentemente, tem em qualidade o mesmo prazer que nós”, acrescentou. Aumentar o interesse sobre o sexo e o próprio corpo, sentir prazer no que faz e mostrar o caminho para o parceiro podem melhorar a vida a dois, sugeriu A.P.L.
Manual de instruções
Os homens não têm bola de cristal e, por mais que queiram, podem passar a vida sem descobrir qual é a forma de sexo e preliminares que as parceiras gostam se elas não falarem. Segundo Graciose, essa ainda é uma falha do universo feminino. Quando o homem perguntar o que ela gosta, basta deixar a timidez de lado e “jogar aberto”, afirmou Rocha. “Tudo se torna mais fácil na relação quando há sinceridade e espontaneidade. A chance de fluir o prazer é bem maior”, acrescentou A.P.F.
Para J.V.C.L, quanto mais relaxada a mulher estiver e disponível para a relação, mais fácil ela sentirá prazer. “Ser soltar mais, ser mais ativa, dar mais palpites na cama e dizer o que elas querem e gostam sem medo”, sugeriu Graciose. “Um simples ‘faça assim ou assado’ pode ser suficiente para facilitar o orgasmo da mulher. Acho muito válidas as instruções durante o sexo”, completou J.V.C.L.