No Brasil, as mulheres são donas de um dos menores biquínis do mundo e os homens não perdem a oportunidade de cantar o sexo oposto. Ainda assim, os brasileiros não são tão liberais quanto parecem e “falar sobre sexo” ainda é um tabu. A Durex Global Sex Survey, conduzida no País pela psiquiatra Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (ProSex), investigou o comportamento sexual dos brasileiros e encontrou as seguintes características: preliminares curtas, sexo rápido, praticado várias vezes na semana, com diversidade na cama e uso de preservativos. Os resultados foram apresentados nesta terça-feira (21), em evento, em São Paulo.
A pesquisa, que foi feita em 37 países, avaliou 1.004 homens e mulheres no Brasil, entre 18 e 65 anos. Do total, 54% homens, 46% mulheres e 89% em relação estável há mais de um ano. Quanto à prática de sexo, os brasileiros se mostraram bastante ativos: 49% praticam mais do que três vezes por semana, 33% de uma a duas vezes e 15% têm relações sexuais apenas uma vez por mês. No entanto, metade dos entrevistados se disseram insatisfeitos em relação à vida sexual. Entre as razões, estão relações muito rápidas, pouco tempo para aproveitar as preliminares e a dificuldade em a mulher atingir o orgasmo.
De acordo com a pesquisa, a maioria dos brasileiros passa cerca de 30 minutos, no máximo, na cama praticando sexo. Um grupo significativo, de 36%, faz sexo com duração de 6 a 15 minutos. Outra parcela, formada por 33% dos entrevistados, leva de 16 a 30 minutos em uma relação sexual. Para 13% do total, o sexo dura até cinco minutos e apenas 17% da população consegue estender para mais de 31 minutos a vida na cama em casal.
Com as preliminares não é diferente: 40% dos homens e mulheres se dedicam de 6 a 15 minutos às ações para esquentar o clima. Somente 13% dos participantes passam mais de 30 minutos nas preliminares. Dos demais, 15% gastam até 5 minutos e 32%, de 16 a 30 minutos.
Apesar da intenção dos homens, de acordo com a pesquisa, apenas 22% das mulheres sempre chegam ao orgasmo nas relações sexuais, contra 52% dos homens. Das entrevistadas, 18% afirmaram chegar ao clímax “quase sempre” e 18% apenas esporadicamente. No entanto, 28% delas disseram chegar mais facilmente ao orgasmo quando se masturbam, contra 17% dos homens.
Carmita acrescentou que o orgasmo feminino não depende apenas do homem, a mulher precisa “dar o conhecimento ao parceiro, indicar os pontos que devem ser tocados e como gosta que ele a acaricie”. Cabe ao homem procurar ajuda caso não consiga manter a ereção ou controlar a ejaculação, pois os problemas atrapalham nas preliminares mais longas e, consequentemente, em excitar mais a parceira antes da penetração, explicou a psiquiatra.
Sexo oral, massagem e masturbação
Apesar de os brasileiros se dedicarem pouco tempo às preliminares, eles mostraram ser o povo com mais atividades diversas relacionadas ao sexo, em comparação com a média global. Enquanto 50% recebem sexo oral e 48% fazem nos parceiros, a média dos outros países ficou em 33% e 22%, respectivamente. A masturbação faz parte da vida sexual de 36%, dos brasileiros que recebem, e 34% dos que fazem, contra 22% e 21%, na média global. Do total, 22% dos brasileiros fazem massagem sensual, contra 16% da média dos participantes dos outros países.
Talvez por essa razão, 70% das mulheres e 69% dos homens acreditam ser possível manter a chama acesa do casal e a vida sexual ativa em relacionamentos longos. O sexo, para 63% dos homens e 72% das mulheres, melhora o humor; diminui o estresse para 59% deles e 67% delas; fortalecem o relacionamento paras 54% deles e 48% delas; e faz com que 26% dos homens e 25% das mulheres se sintam mais atraentes. Jaque Barbosa, 24 anos, também autora do blog Casal Sem Vergonha, contou que uma vida sexual satisfatória impacta em outras áreas da vida, segundo mensagens de seguidores do blog.
Desapego e segurança
O estudo também investigou o que o povo brasileiro pensa sobre sexo no primeiro encontro. O resultado mostrou homens e mulheres não tão conservadores, 39% aprovam, contra 58% deles. No entanto, Carmita levantou o ponto de que a desaprovação feminina nem sempre reflete a própria vontade, mas, sim, uma preocupação em relação à reputação. “Muitas mulheres têm receio de passar uma imagem negativa, mas gostariam de transar no primeiro encontro”, acrescentou Jaque. Segundo Vegas, a ideia de que se rolar o sexo no primeiro encontro, o homem não ligará no dia seguinte não é uma regra: “se ele passar uma noite incrível, com uma mulher carinhosa e sem receio, por que não ligaria?”, comentou e criticou o jogo de “se fazer de difícil”.
Sexo no primeiro encontro, tudo bem, mas com proteção. Os brasileiros tiveram o mais alto índice de uso de preservativo na primeira relação sexual em comparação com os demais países. Dos entrevistados, 66% afirmaram usar camisinha na situação e 67% disseram que usaram na relação sexual mais recente. Quanto ao uso no sexo em geral, 48% dos brasileiros se disseram adeptos, contra 31% dos norte-americanos e 47% da média global. A preocupação com gravidez atinge 38% das mulheres e 46% dos homens, enquanto a com doenças sexualmente transmissíveis foi apontada por 55% das mulheres e 62% dos homens. “A maioria dos brasileiros deixa de usar preservativo quando está em um relacionamento estável”, concluiu Carmita.