Tatuadora cobre cicatrizes de mulheres vítimas de violência

Em projeto 'A Pele da Flor', Flavia Carvalho não cobra por trabalho daquelas que querem 'apagar' vestígios de agressões

31 jul 2015 - 08h58

Flavia Carvalho tinha 15 anos quando foi agredida pelo primeiro namorado, que vez ou outra se descontrolava e batia nela. À época, ele pedia perdão, e ela voltava. E muitas vezes se culpava pelos tapas e golpes que recebia.

A tatuadora Flavia Carvalho cobre cicatrizes de mulheres vítimas de violência sem cobrar delas
A tatuadora Flavia Carvalho cobre cicatrizes de mulheres vítimas de violência sem cobrar delas
Foto: Divulgação

Mais de uma década depois, quando já era tatuadora profissional, Flavia se viu de novo diante de um caso de violência. Mas dessa vez, a vítima não era ela, e sim uma cliente. Uma jovem de 20 e poucos anos pediu à tatuadora que cobrisse uma cicatriz com um desenho. Era uma forma de ocultar de vez as marcas de uma agressão que sofrera havia quase dez anos.

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"A cliente tinha uma cicatriz bem grande no abdômen. Eu não perguntei, mas ela foi me contando que estava numa boate, um cara a abordou e ela não quis beijá-lo. Ela saiu e foi ao banheiro, mas ele a abordou de novo e a golpeou com um canivete", contou Flavia à BBC Brasil.

"Ela precisou ser hospitalizada, ficou aquela marca bem grande. E depois de muito tempo, quis fazer uma tatuagem para cobrir a cicatriz. Foi transformador pra ela, porque tinha vergonha de usar biquíni, e a reação dela quando viu que não tinha mais a cicatriz me comoveu."

Foi esse caso que inspirou Flavia a criar o projeto A Pele da Flor, que tem como objetivo ajudar mulheres vítimas de violência a recuperarem a autoestima por meio de uma simples tatuagem.

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"Eu fiquei pensando no tanto de mulher que sofre violência doméstica, mas que não tem condição de fazer tatuagem, plástica ou algo para cobrir aquela marca. As cicatrizes fazem com que a mulher fique sempre lembrando da agressão e mudam a relação delas com o próprio corpo", diz.

"Essa minha cliente se emocionou na hora que viu o resultado no espelho, me abraçou. Por causa daquela marca, ela tinha vergonha de mostrar o corpo até para um namorado. Eu vi a transformação dela ali e vi que era possível usar a tatuagem como ferramenta para resgatar autoestima."

A tatuadora Flavia Carvalho cobre cicatrizes de mulheres vítimas de violência sem cobrar delas
Foto: Divulgação
A tatuadora Flavia Carvalho cobre cicatrizes de mulheres vítimas de violência sem cobrar delas
Foto: Divulgação
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