Vício em redes sociais: quais são os sintomas e como tratar

Entenda como lidar com o vício em redes sociais, cultivando uma relação saudável e preservando o bem-estar mental

21 ago 2024 - 13h58
(atualizado em 29/8/2024 às 00h29)
vício em redes sociais
vício em redes sociais
Foto: Rami Al-zayat / Unsplash / Personare

O que está na origem do vício nas redes sociais e como regular essa relação com as redes de maneira mais saudável?

Alguns pontos podem estar relacionados à dificuldade de desgrudar das telas, por exemplo:

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  • Fuga da realidade: a pessoa evita o contato consigo mesma e com a vida presente.
  • Entorpecimento: a busca inconsciente por prazer nas redes sociais pode ser uma forma que a pessoa encontra para não sentir desconfortos.
  • Vício químico: o uso de excessivo libera dopamina no nosso corpo e, com isso, gera dependência, ou seja, gera vício nas redes sociais.
  • Procrastinação: a busca por prazer imediato nas redes sociais nos faz procrastinar e deixar para depois o que é importante.

Ou seja, o uso excessivo das telas pode influenciar na qualidade do sono, na ansiedade, na depressão. E, além disso, pode gerar distorção da autoimagem, prejuízo nas interações sociais, cyberbullying e nos danos à autoestima.

Os Prejuízos do Vício em Redes Sociais

Pare um instante para refletir: 

  • Quando você sai das redes, principalmente quando está sozinha (o), o que você sente?
  • Quando você se conecta consigo, quais sensações surgem? 
  • Você consegue se conectar com a sua realidade?

Muitas vezes, o mergulho no virtual ocorre por uma busca inconsciente em não sentir. Um contato mais profundo e conectado com você pode trazer desconfortos e percepções de emoções e situações presentes desagradáveism, mas isso é importante.

Questões mal elaboradas e a falta de costume em lidar consigo mesma, bem como a vontade de não sentir determinadas emoções, podem apontar para um caminho de entorpecimento pelas redes sociais. 

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Quando estamos nas telas, muitas vezes esquecemos até que temos um corpo, perdendo o contato com a própria presença no mundo real. Assim, o ambiente ao redor fica turvo, e apagado. 

Desconectamo-nos do que se passa aqui para estarmos lá, dentro do mundo virtual. Desse modo, o excesso pode tornar-se uma fuga da realidade, uma forma de desconectar do contato com a vida presente, possivelmente angustiante, e não querer lidar com ela. 

Raízes do Vício: Entendendo a Dependência das Telas

Eu não estou buscando condenar o meio virtual como algo que necessariamente adoece, mas quero, sim, levantar reflexões sobre o uso excessivo e viciante.

Vivemos em uma sociedade cada vez mais habituada a suprimir ao máximo os desconfortos. Ou seja, tudo o que gera incômodo, tentamos anestesiar. 

Há uma busca pela solução imediata da dor, mesmo que, para isso, envolva não lidar com a causa da dor, mas sim adormecer os sintomas. Da mesma forma, lidamos com as nossas questões e dores emocionais.

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A ideia de não tocar para não sentir é equivocada. Para remediar uma ferida, é preciso tocá-la e fazer o curativo. Quando nos anestesiamos para não sofrer, apenas postergamos. Isso porque o sofrimento e a dor seguem presentes, guiando a vida de forma inconsciente.

Outra forma de vício nas redes e uma grande responsável pela procrastinação é a busca por prazer imediato. Assim como não queremos lidar com os desconfortos, queremos sentir prazer o máximo possível. 

Desse modo, abrir mão do prazer para lidar com a vida presente, que pede compromissos, tarefas e rotinas muitas vezes maçantes, pode fazer com que você não queira sair das telas.

Dopamina: a química do vício nas redes sociais

Estudos demonstraram que o uso das redes sociais estimulam a liberação de dopamina, um neurotransmissor essencial para o bom funcionamento do cérebro e da motivação que atua no centro de recompensa.

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Contudo, o uso excessivo daquilo que dispara a dopamina gera uma hiperestimulação em sua produção.

Quando isso ocorre, aquilo que nos gerava prazer fica menos estimulante e precisamos de mais estímulo para sentir o mesmo nível de prazer, levando ao vício e, também, a certo anestesiamento.

Como ter uma relação mais saudável com as redes sociais

Agora que você entendeu o problema, é hora de repensar e redefinir seu relacionamento com as plataformas digitais. 

Por isso, a partir daqui vamos explorar estratégias para estabelecer uma conexão mais saudável com as redes sociais, buscando equilíbrio entre o mundo virtual e a vida real, priorizando o bem-estar e a presença consciente.

1. Mapeie o que está por trás do vício

Para além do vício químico, qual é o motivador do excesso de uso das redes? Qual o sistema de recompensa que é ativado no seu corpo? 

O que as redes sociais estão preenchendo na sua vida? No mais profundo, do que você pode estar fugindo do contato para não sentir?

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2. Analise profundamente sua rotina, escolhas e estilo de vida

Seria possível modificar algo para o dia ser mais prazeroso ou menos penoso? Ou então, o que você poderia incluir que te traga mais bem-estar? 

Se existe uma fuga ou busca de prazer imediato nas redes, do que exatamente você está fugindo? Existe algo que possa melhorar essa realidade?

3. Trace estratégias que atuem nos pontos mapeados por você

Se você reconhece do que esse comportamento busca preencher, pode reconhecer algo que te supra na mesma questão. 

Por exemplo, se o ponto for a busca por prazer imediato: que tal se propor a, ao invés de procrastinar nas redes sociais, se comprometer a terminar tudo o que tem para fazer o mais rápido possível para que te sobre tempo para uma atividade realmente prazerosa? 

Para isso, também vale se perguntar: O que te dá prazer? Como você coloca o prazer em sua vida diária? Quanto de espaço no seu dia você dedica a você e ao seu autocuidado e bem-estar? Mesmo com uma rotina corrida, como seria possível reservar algum momento para você?

4. Qual é o seu contexto?

Cada pessoa tem uma realidade única e específica. Por isso, é preciso olhar a fundo cada caso para compreender o contexto como um todo. 

O caminho de autoconhecimento e autocuidado é essencial para encontrar compreensões, contornos e soluções viáveis para se sentir bem sem precisar mergulhar excessivamente na realidade virtual que nos tira da presença.

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5. Faça terapia

A Psicoterapia é um suporte e orientação essenciais para compreender a base do comportamento e encontrar caminhos de solução e elaboração do vício e de sua base. 

O psicólogo, junto a uma escuta ativa e um trabalho verbal e vivencial, trará ferramentas para cuidar dessas questões com clareza, acolhimento e segurança.

6. Inclua na rotina atividades offline e cultive relacionamentos fora das redes

Estabeleça momentos de desconexão e limites no tempo de uso de redes sociais. Essa é uma estratégia importante para equilibrar os excessos, fortalecendo vínculos fora do digital e aumentando a capacidade de estar presente, conectado consigo mesmo e com o seu redor. 

Poder desacelerar, encontrar prazer em outras atividades e criar esse equilíbrio saudável entre o virtual e o real é fundamental para a manutenção da saúde e para lidar com o vício.

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Luisa Restelli (luisarestelli.psi@gmail.com)

- Psicóloga, Psicoterapeuta Corporal e Consteladora Familiar Sistêmica. Realiza atendimentos individuais e de casal no RJ e online e ministra grupos terapêuticos e palestras.

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