Receber o bebê no mundo oferecendo o colo e o seio da mãe logo após o parto é um momento muito especial. Nesse instante, no entanto, o pequeno ainda não encontra o leite maduro para se alimentar, o que pode haver são pequenas gotas de colostro. A descida do alimento materno - a tal da apojadura - é um processo que acontece dias depois do nascimento e de forma variada.
Em partos normais, a apojadura costuma ocorrer entre o primeiro e o segundo dia depois que a mulher dá à luz, explica Luiz Renato Valério, pediatra do Hospital Pequeno Príncipe. Já em cesáreas, a produção pode se dar entre o terceiro e o quarto dia após o nascimento.
Como acontece a descida do leite materno?
Quando o bebê nasce, já há a oferta de colostro. Ele é o leite que é produzido assim que ocorre o parto - às vezes, "até durante a gestação há mulheres que já apresentam [o colostro]", diz Mariana Rosario, ginecologista, obstetra e mastologista. Mesmo em pequenas quantidades, ele é muito nutritivo: um composto rico em água, proteínas, e cheio de anticorpos.
Tudo varia da mãe para mãe, mas geralmente o bebê começa a ter uma oferta satisfatória de colostro em torno do segundo dia após o parto. O líquido espesso e amarelado pode ser secretado até o quinto dia. A partir daí, acontece a descida de um leite mais maduro - ainda que a maturação completa do alimento só ocorra por volta de duas a quatro semanas de vida da criança.
"A apojadura é quando acontece essa descida do leite mais parecido com que ela vai produzir pelo resto da amamentação", ressalta Mariana. O fluxo aumenta e costuma ser progressivo. A sucção do pequeno é um estímulo para a produção desse leite. "Quando mais o bebê demanda, mais a oferta vai aumentar", diz. O processo tende a despertar sensações diferentes. A mãe pode perceber um seio com volume maior e mais sensível.
Os sintomas da apojadura
Algumas mulheres podem sentir dores no corpo, mal-estar e até calafrios, algo parecido com uma gripe forte. "Dura de um a dois dias, no máximo. É durante a apojadura que essa mãe pode ficar mais desanimada", pontua a obstetra. Já as mamas permanecem enrijecidas, quentes e "cheias", o que pode dificultar o aleitamento. "Nessa circunstância, é importante ter uma boa orientação. Mas isso vai se equilibrando, até chegar em um ponto em que o bebê mama tudo o que é oferecido e tudo o que ele precisa", diz Luiz Renato.
A intensidade do desconforto vai depender dos sintomas que a mãe tiver. Ela pode fazer compressas frias nos seios para amenizar a dor local. "Enquanto um banho frio ajuda no alívio, a ducha quente pode estimular ainda mais a produção de leite - que já está aumentada - e não é indicada", diz Mariana. É essencial também manter a tranquilidade da mãe no processo. "É extremamente recomendado que a família ajude a conceber um ambiente favorável na amamentação, para que a mulher a veja como um ato, além de carinhoso, muito importante para o bebê", completa o pediatra do Hospital Pequeno Príncipe.