Depois de dar à luz e voltar para casa com um recém-nascido, que tal ainda ter que se preocupar em agradar o marido? Na cidade de Onomichi, no Japão, a ideia pareceu boa a autoridades locais que resolveram distribuir panfletos com orientações, no mínimo, polêmicas.
Aconselhadas a não ficarem " frustradas sem motivos" ou "ocupadas cuidando do bebê e não fazendo tarefas domésticas", as gestantes ainda receberam dicas de como agradar os homens. Ter sempre um sorriso no rosto e recebê-los com um "bem-vindo ao lar" são alguns desses conselhos, entre outras coisas, como fazer massagens e preparar o almoço todos os dias.
Na última semana, de acordo com a revista americana Time, o material foi compartilhado nas redes sociais, o que bastou para que chovessem críticas. A despeito das diferenças culturais, Yukihiro Hiratani, prefeito da cidade, reconheceu a impertinência das orientações e publicou um pedido de desculpas no site do governo local e no Twitter, anunciando a interrupção da distribuição dos panfletos - após cinco anos!
O fato é que a questão só se tornou uma polêmica generalizada na última semana, quando o assunto viralizou na internet.
Hiratani afirmou que os panfletos "não estavam de acordo com os sentimentos de mulheres grávidas, mães grávidas e outras pessoas envolvidas na criação de filhos e causaram sentimentos desagradáveis para muitas pessoas". Ele disse ainda que a "distribuição foi descontinuada devido ao conteúdo de expressões que podem encorajar atitudes e práticas estereotipadas de papéis de gênero".
Vale lembrar que a sociedade japonesa ainda é, como muitas outras, de estruturas e costumes fortemente patriarcais e conservadores. Para se ter uma ideia, no mais recente Índice Global de Diferença de Gênero do Fórum Econômico Mundial, o Japão ficou em 125º lugar em um ranking de 146 países, liderado pela Islândia.