Como é o exame de curva glicêmica feito na gravidez?

Quantas horas dura, como é o preparo e qual é a bebida ingerida durante o teste. Saiba tudo sobre o assunto!

6 dez 2023 - 16h17

De acordo com o Ministério da Saúde , existem, atualmente, mais de 13 milhões de brasileiros vivendo com diabetes mellitus , o que representa 6,9% da população nacional, sendo o Brasil o quarto país com maiores taxas da doença na população adulta no mundo.

Foto: kasto80/Getty Images / Bebe.com

Os índices brasileiros elevados também são refletidos no diabetes gestacional, que possui uma incidência acima da média global. No mundo, 16,2% das gestantes desenvolvem a doença, ao passo que, no Brasil, esse número sobe para 37%. Segundo estudos populacionais realizados nas últimas décadas, estima-se que um em cada seis nascimentos ocorra em mulheres com alguma forma de hiperglicemia durante a gestação, sendo que 84% desses casos correspondem ao diabetes gestacional.

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O que é diabetes gestacional? 

O diabetes mellitus gestacional (DMG) é uma alteração específica que só acontece na gestação. Ela ocorre devido à liberação de um hormônio pela placenta que causa resistência à insulina, dificultando a entrada de açúcar nas células fetais e, consequentemente, levando a um aumento na concentração de glicose no sangue materno. 

Natalia Castro, ginecologista e obstetra pela Febrasgo ( Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), alerta que esse excesso de açúcar no sangue é prejudicial tanto para a grávida quanto para o bebê. Por isso, o pâncreas da gestante fabrica mais insulina, a fim de manter uma quantidade de açúcar adequada - mas isso nem sempre acontece.

"Algumas gestantes têm dificuldade para produzir essa quantidade a mais [de insulina] e é isso que nomeamos diabetes gestacional. Deve ser salientado que, após o nascimento do bebê, com a retirada da placenta, a mãe instantaneamente não tem mais a patologia. Portanto, o diabetes gestacional é 'curado' com o fim da gravidez", afirma Natalia.

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Foto: Guido Mieth/Getty Images / Bebe.com

O que é o exame de curva glicêmica e como ele é realizado?

Isis Toledo, médica especialista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, explica que o exame de c urva glicêmica - ou Teste Oral de Tolerância à Glicose (TOTG) - deve ser realizado entre a 24ª e a 28ª semana de gravidez.

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O exame precisa ser agendado previamente no laboratório, que fornecerá à paciente o preparo necessário. De acordo com a American Diabetes Association, as orientações mais recentes são: 

  • Pelo menos três dias de ingestão de moderada a alta de carboidratos (150g/dia)
  • Última refeição na noite anterior com pelo menos 50 gramas de carboidratos
  • No mínimo, 8 hora de jejum (sendo 10 a 16 horas de jejum o ideal, sem incluir água)

Ainda assim, vale confirmar com o laboratório e seguir as orientações fornecidas por ele.

No dia do exame, depois de fazer a ficha e ser encaminhada para a área de coleta, a gestante irá permanecer acomodada na poltrona por três horas até o término do procedimento. Isso porque a curva glicêmica será analisada a partir da coleta do sangue materno em três momentos diferentes:

  • Primeiro, em jejum. Depois da coleta, será fornecida uma bebida com 75 g de açúcar, que precisa ser ingerida de forma imediata
  • 1 hora após a ingestão da bebida é feita a segunda coleta
  • 2 horas após a ingestão é feita a terceira e última coleta

    Isis alerta que, uma vez concluído que a paciente tem diabetes gestacional, o exame não precisa ser repetido. "A partir do diagnóstico, os níveis de glicose no sangue devem ser monitorados e o corpo da gestante não deve ser submetido a uma nova sobrecarga de açúcar", visto que a realização do exame implica a ingestão de glicose.

    Natalia Castro finaliza lembrando que as gestantes devem se manter atentas aos fatores que impossibilitam a realização do exame: "t oda e qualquer situação que fugir às especificações do teste inviabilizam o resultado, como intolerância à ingestão completa do líquido, v ômito e se, no dia do exame, a gestante apresentar algum sintoma de infecção". 

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    Resultados esperados 

    Segundo as recomendações da Sociedade Brasileira de Diabetes, o  diagnóstico de diabetes gestacional deve ser considerado nas pacientes com glicemia de jejum de 92 a 125 mg/dL em qualquer momento da gestação. Para as que apresentam glicemia de jejum abaixo de 92, o teste oral deve ser feito, sendo que o diagnóstico positivo para DMG segue os seguintes valores de referência:

    • Jejum: maior ou igual a 92 mg/dL e menor que 126 mg/dL
    • 1 hora após ingestão da glicose: maior ou igual a  180 mg/dL
    • 2 horas após ingestão da glicose: maior ou igual a 153 mg/dL e menor que 200 mg/dL

    Após a 24ª semana de gravidez, quando o valor da glicemia de 2 horas for maior ou igual a 200 mg/dL, deve-se considerar o diabetes diagnosticado na gestação e não o diabetes gestacional. 

    Importância do exame

    O exame de curva glicêmica é realizado durante a gestação com o intuito de identificar o excesso de glicose no sangue e, assim, possibilitar o tratamento. Isso é fundamental para diminuir possíveis intercorrências para a mãe e o feto, reduzindo o risco de malformações congênitas, morte perinatal, recém-nascidos grandes para a idade gestacional (GIG) e hipoglicemia neonatal.

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