São vários os benefícios do café: é uma bebida estimulante, que ajuda a melhorar o estado de alerta mental e a energia do corpo. "A cafeína aumenta a concentração e o foco, nos ajudando a lidar com tarefas difíceis. Ela também incentiva a liberação de neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina, que melhoram o humor e dão às pessoas uma sensação de bem-estar", explica Paula Pires, endocrinologista e metabologista pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
Doses de até 250 miligramas ao dia estão associadas aos devidos benefícios, trazendo a sensação de prazer, euforia, melhora nas atividades físicas e até em sintomas de desânimo e tristeza. No entanto, acima de 500 miligramas diários, o efeito é o contrário. "Pode causar tensão, aumentar a ansiedade, a insônia, o nervosismo e levar a náuseas", alerta Lisa Afonso, nutricionista clínica e esportiva, especialista em Metabolismo, Nutrição Esportiva e Emagrecimento e Fisiologia do Exercício pela FMRP-USP e em Saúde da Mulher pela Gama Filho.
Portanto, a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) é que adultos saudáveis não consumam mais de 400 miligramas de cafeína por dia - cerca de 4 a 5 xícaras pequenas de café. A exceção vai para crianças e mulheres grávidas, que devem limitar ainda mais a ingestão.
Grávida pode tomar café?
Sim. É permitido tomar café durante a gestação, desde que em pequenas quantidades. Até 200 miligramas de cafeína por dia, cerca de três xícaras pequenas, é uma dose considerada segura na gravidez. "Com essa quantidade, não parece haver uma associação convincente entre a cafeína e problemas com a fertilidade ou malefício ao feto", pontua Igor Padovesi, ginecologista pela Universidade de São Paulo (USP) e Hospital Albert Einstein.
Os perigos do excesso de café na gravidez
Assim como doses elevadas de cafeína podem provocar ansiedade, tremores, aumento da frequência cardíaca e insônia em adultos saudáveis, o consumo acima de 200 miligramas ao dia na gestação prejudica o fluxo sanguíneo para a placenta.
A substância e seus metabólitos (os resíduos que sobram do metabolismo no corpo), atravessam facilmente a barreira placentária e podem ser encontrados, em quantidades significativas, no líquido amniótico e no sangue da criança. "Isso está associado a uma variação na frequência cardíaca do bebê, aumento da atividade respiratória e a efeitos inconsistentes no fluxo sanguíneo fetal e para a placenta", diz Igor. Eleva-se, portanto, o risco de perda gestacional no primeiro trimestre e de a criança nascer com baixo peso, afirma Lisa.
Atenção com a cafeína na alimentação
Existem outras bebidas e alimentos que também contêm cafeína e que a gestante deve prestar atenção. " Eles têm um metabolismo um pouco diferente, mas, no fundo, o que está funcionando ali é a mesma substância. O café é uma bebida com um início de ação mais rápido e o seu efeito dura até umas 2 horas. O pó de guaraná, por exemplo, tem uma atividade um pouco mais lenta, que dura até 6 horas", explica Carlos Moraes, ginecologista e obstetra pela Santa Casa e membro da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia).
Chá preto, chá verde, cacau, chocolates, refrigerantes, alguns medicamentos e as bebidas energéticas são outros produtos que possuem alguma quantidade de cafeína e devem ter seu uso regrado.
É possível substituir o café?
A maioria das mulheres que têm o hábito de tomar café não consegue substituí-lo por outra bebida tão facilmente. "O ideal é que você diminua a quantidade gradualmente, evitando assim um grande choque para o corpo", diz Paula. Beber mais água e comer (com moderação) alimentos ricos em cafeína, como o chocolate escuro, pode ajudar a satisfazer o desejo no processo.
Chás que não contêm cafeína, como o de camomila, de erva doce, cidreira e de hortelã, também são boas opções, além de sucos à base de frutas frescas, que podem ser batidos junto às infusões.