Veja os riscos que superestímulos de telas trazem às crianças

Uso excessivo de telas compromete desenvolvimento infantil, socialização e aprendizado escolar, afirmam especialistas

26 ago 2023 - 06h35
(atualizado às 19h51)
5 riscos que os superestímulos trazem para crianças e teens
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Cada vez mais expostos ao uso de todos os tipos de telas, crianças e adolescentes estão sujeitos a uma hiperestimulação que pode trazer consequências imediatas e de longo prazo para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Para a psicóloga educacional do Colégio Positivo, Karoline Keller, o uso excessivo de telas desde a primeira infância compromete ou até substitui etapas e práticas fundamentais para o ciclo de desenvolvimento da criança. 

"O consumo de telas por um tempo acima do recomendado tende a substituir atividades como brincar, conversas presenciais, contato físico e práticas de socialização, que são de grande importância para um desenvolvimento pleno da criança", explica Karoline.

Complementando esse raciocínio, a coordenadora da Educação Infantil do Colégio Positivo, professora Kaline Mazur, explica que a criança que fica diante de uma tela recebe uma quantidade enorme de estímulos que dificilmente podem ser igualados por outras atividades. 

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"É exatamente por isso que as telas criam facilmente uma dependência. Elas oferecem tantos estímulos que nenhuma outra atividade consegue competir. A produção de dopamina no cérebro de uma criança quando ela está em frente à tela atinge o ápice. Quando a criança sai da frente da tela, é difícil alcançar esse mesmo nível de dopamina em alguma outra prática. A partir daí, a criança passa a achar tudo menos interessante, fica desestimulada, com dificuldade de concentração e frequentemente ansiosa ou irritada. A tela proporciona  um prazer que se torna difícil de comparar com outras atividades. Por exemplo, você convida a criança para jogar bola, e ela não quer, acha chato", alerta Kaline.

Ansiedade e excesso de frustração

Kaline explica ainda que esse excesso de estímulos pode gerar ansiedade e frustração na criança.

"Há tanta cor, música e ação na tela que quando a criança se afasta, ela quer que o mundo real se movimente na mesma velocidade e com a mesma intensidade de estímulos quanto o mundo virtual. Por exemplo, se a criança está assistindo a um desenho e, de repente, sai da frente da televisão e encontra um móbile ou algum outro brinquedo no quarto, ela percebe que esse brinquedo não oferece a mesma quantidade de estímulos que o desenho da televisão. Essa mudança gera frustração e ansiedade. A criança ainda não é capaz de diferenciar o mundo real do digital, o que sempre resulta em expectativas irreais na cabecinha dos pequenos".

Socialização comprometida

A partir de experiências e observações no ambiente escolar, Karoline também destaca a diferença na capacidade de socialização entre crianças que fazem pouco ou nenhum contato com telas e aquelas que estão expostas a equipamentos eletrônicos com frequência. 

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"As crianças que passam mais tempo diante das telas acabam tendo mais dificuldades em situações sociais. Elas podem não saber como lidar com seus pares, apresentando dificuldade em iniciar conversas e realizar as interações e trocas sociais tão comuns para a idade. Muitas vezes, essas crianças tornam-se mais inibidas e isoladas, o que certamente compromete sua socialização atual e, provavelmente, no futuro. Isso prejudica até mesmo sua participação em sala de aula", alerta a psicóloga. 

No caso dos adolescentes, a situação se agrava ainda mais, já que muitos levam seus smartphones para a escola e se isolam dos colegas, sem demonstrar interesse pela interação.

Prejuízos para o sono

O uso prolongado e sem limites de celulares, tablets e outros dispositivos eletrônicos impacta não apenas as questões emocionais como também fatores diretamente ligados ao bem-estar e à saúde. 

"É muito comum tomarmos conhecimento de casos nos quais crianças ou  adolescentes excedem o tempo de tela, comprometendo momentos importantes de sua rotina, como o período de descanso. Por exemplo, uma criança que estuda de manhã, tem que acordar cedo para ir à escola. Se os pais não controlam o tempo que essa criança ou adolescente passa no celular e permitem que ela use o dispositivo até tarde, o sono e o descanso são reduzidos, resultando em prejuízos para a saúde e também para o desempenho pedagógico. A criança pode chegar à escola cansada, com sono e sem condições de render pedagogicamente o esperado para a idade. Isso sem falar na irritabilidade, que é tão comum em crianças que não dormem as horas mínimas recomendadas", completa Karoline.

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Imediatismo exacerbado

O consumo de conteúdo sob demanda, a qualquer momento e lugar, com apenas um clique, sem precisar esperar até o dia seguinte para assistir ao próximo episódio do desenho favorito, está tornando as crianças de hoje acostumadas com a realização de seus desejos num ritmo acelerado. Kaline explica que esse imediatismo, que se tornou característico das novas gerações, acaba tornando-as mais impacientes e irritadas. 

Foto: Adobe Stock / Montagem Homework

"A criança ainda está em processo de desenvolvimento, ainda está estabelecendo suas conexões neurais, e ela não sabe ao certo como lidar com a frustração de não conseguir imediatamente o que deseja. Isso pode levar a choros e birras quando ela não pode assistir ao desenho ou jogar no celular no exato momento em que quer. E, caso o conteúdo consumido não esteja agradando, ela já se acostumou a trocar rapidamente de conteúdo ou atração com um simples toque, até encontrar algo que a agrade novamente. Essa impaciência tem impactos negativos na formação e desenvolvimento da criança", completa a coordenadora.

Desenvolvimento motor prejudicado

Acostumadas com telas sensíveis ao toque ou com botões que respondem a um simples pressionar, as crianças atualmente estão cada vez menos engajadas em atividades que favoreçam o desenvolvimento motor de forma plena. 

"Hoje em dia, tudo é touch, as crianças brincam cada vez menos com massinhas, construção de objetos, desenho e pintura, e até mesmo a escrita manual está se tornando menos comum devido ao uso de computadores e teclados digitais. Isso, sem dúvida, impacta a construção da percepção espacial e o desenvolvimento motor das crianças. Se compararmos desenhos de uma criança de 5 anos que não usa telas com os de outra criança que passa muito tempo diante delas, a diferença é evidente", finaliza Kaline.

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(*) HOMEWORK inspira transformação no mundo do trabalho, nos negócios, na sociedade. É criação da Compasso, agência de conteúdo e conexão.

Fonte: Redação Terra Você
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