O pai tentou, ele tentou, mas felizmente Rodrigo Oliveira não conseguiu fugir do que é hoje sua grande paixão: a culinária. Ele, afinal, nunca sonhou em ser cozinheiro. Atenção: Rodrigo não gosta de ser chamado de chef, porque diz que não é "chefe" de ninguém.
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Tudo começou há 36 anos, quando seu pai, José Oliveira de Almeida, hoje com 70 anos e ainda à frente dos negócios, imigrante de Pernambuco, montou a "Casa do Norte Irmãos Almeida". Era um empório de produtos nordestinos que servia mocotó, e foi por essa especialidade que o bar ficou conhecido. "As pessoas falavam 'Vamos no mocotó' porque ali servia mocotó, e o nome acabou pegando", disse Rodrigo, tranquilamente acomodado em uma das mesas do restaurante que há seis anos adotou o prato como nome oficial.
O restaurante se mudou para o outro lado da rua onde ficava o bar, mas a clientela permaneceu fiel. Com um aspecto rústico e uma localização relativamente fora do centro cultural e gastronômico da capital de São Paulo, ainda assim a casa atrai visitantes de todas as partes do Brasil e do mundo, que chegam por indicação. "Mesmo com a bagunça e a falta de conforto, as pessoas sempre vêm comer."
Aos 14 anos, Rodrigo começou a frequentar o bar, mas lavando pratos, varrendo o chão e ajudando na manutenção. Cursava o ensino médio e, no entanto, já gostava do ambiente de trabalho do pai. Mas como Seu Zé não queria que o filho trabalhasse ali, incentivou o estudo do filho. Com o intuito de "salvar o mundo", lá foi Rodrigo cursar Engenharia Ambiental. Logo se desiludiu e largou de vez a faculdade, porque queria um curso mais ligado à parte humana, para lidar com público. Resolveu então tentar Gestão Ambiental na Anhembi Morumbi.
Foi nessa época que Rodrigo teve seus primeiros contatos com a cozinha profissional. Uma amiga de faculdade tinha um irmão que cursava gastronomia e Rodrigo, que até então nunca tinha ido a um restaurante ou comido um risoto, se encantou com o ofício. Finalmente, aos 23 anos, largou o curso novamente e decidiu fazer faculdade de gastronomia.
Desde então assumiu a cozinha do Mocotó, que hoje conta com mais de 40 funcionários. Seu pai, Zé de Almeida, continua cuidando dos negócios, sempre presente para cumprimentar os fregueses e amigos, assim como o próprio Rodrigo. E em parte é esse ambiente familiar e sem formalidades que dá charme ao Mocotó, que acolhe de motoboys a atores de televisão, de transeuntes a chefs internacionais.