O restaurante dinamarquês Noma, em Copenhague, perdeu o trono de melhor do mundo depois de liderar por três anos consecutivos a lista organizada pela revista inglesa Restaurant. Mas não pense que o chef René Redzepi, líder da cozinha estrelada, ficou, de alguma forma, abalado por isso.
Com sua simpatia usual, Redzepi circulava pelo pátio em frente ao Guildhall, no centro de Londres, no início da noite desta segunda-feira (29), momentos antes da entrega do prêmio de 2013. Uma garrafa long neck de cerveja em uma mão, um cigarro na outra, e muita paciência para tirar fotos e receber cumprimentos.
Àquela altura, o nome do vencedor de 2013, o espanhol El Celler de Can Roca, comandado pelos irmãos Joan, Josep e Jordi Roca, já tinha sido vazado. Assim como a presença de dois restaurantes brasileiros entre os 50 melhores do mundo, o D.O.M., de Alex Atala, na 6ª posição, e o Maní, de Helena Rizzo, na 46ª colocação.
Em entrevista ao Terra, o chef do Noma falou sobre a segunda colocação na lista da revista Restaurant e confirmou que visitará o Brasil neste ano ‘para realizar o sonho de visitar o amigo Alex Atala’.
Terra - Depois de três anos o Noma deixa o primeiro lugar. Qual é a sensação para você?
René Redzepi: Quando cheguei ao número 1 pela primeira vez foi maravilhoso. Era algo que precisávamos conquistar. Foi mágico para nós. E depois de três vezes, claro que seria bom continuar no topo, colocar um pouco mais de ‘gordura’ em você mesmo. Mas nunca me senti tão relaxado sobre isso, como estou agora. É uma coisa muito bem resolvida. E estou feliz por quem chegou ao primeiro lugar. Só existem pessoas maravilhosas aqui.
Terra - E depois de três anos no topo, qual é o impacto que lista teve no seu trabalho e na reputação do Noma?
R.R.: A mágica dessa lista é que ela abre o mundo da gastronomia. Acho que 10 anos atrás até mesmo considerar que um restaurante escandinavo poderia ser o número 1 seria algo impensável. E veja agora, com os restaurantes brasileiros, da América do Sul, sendo proeminentes na lista dos melhores do mundo, nada disso poderia ter acontecido antes. Então é algo incrível. E a lista precisa de uma mudança constante, mudanças, envolver o maior número de pessoas possível.
Terra - Esse ano são dois restaurantes brasileiros entre os 50 melhores do mundo. A cozinha do país está ficando finalmente mais conhecida ao redor do mundo?
R.R.:
Para uma pessoa que olha de fora, acho que isso tem muito a ver com o Alex Atala. Definitivamente. Encontro o Alex Atala em todas as partes do mundo. E as coisas que ele diz, ele não fala apenas sobre o restaurante dele. Ele fala sobre o Brasil. Ele fala sobre outros restaurantes, o que está acontecendo no Brasil, tudo. Não tem como negar que o Atala tem uma participação enorme nisso.
Terra - Podemos esperar uma visita sua ao Brasil neste ano?
R.R.:
Sim. Ainda não está 100% definido, mas estamos tentando fazer acontecer.
Terra - E uma visita ao D.O.M. certamente está na agenda, certo?
R. R.: Com certeza. Conheço o Atala muito bem, ele é um cara incrível e esse é um dos meus sonhos, ir ao Brasil e visitá-lo. Além de ver o que está acontecendo naquela parte do mundo. É uma região emergente incrível. Estou muito curioso sobre o Brasil. Muito curioso especificamente sobre essas regiões urbanas enormes que vocês têm, mas ainda assim conservando essa cultura nativa original do País, da Amazônia. Fico realmente intrigado com isso.