Quem nunca tomou um chá de boldo para melhorar aquela ressaca, resultado de alguns copinhos a mais? Apesar de o boldo ser o mais conhecido "chá" para o tratamento do fígado, existem outras ervas e especiarias que ajudam no processo de desintoxicação, inflamação e regeneração dos hepatócitos (células do fígado), excelentes opções para quem tem problemas hepáticos.
Mas como sempre deixo registrado que é importante continuar seguindo quaisquer tratamentos que tenham sido indicados pelo seu médico, assim como ele deve ser comunicado quanto a sua vontade de recorrer a quaisquer ervas, já que ervas contém fitoquímicos que podem anular os efeitos do seu tratamento alopático, assim como podem exacerbá-lo, comprometendo ainda mais a saúde de seu fígado.
Se você sofre com problemas hepáticos, é também necessário lembrar de evitar o consumo de álcool, café, refinados, embutidos etc. Também é preciso dizer para manter uma dieta equilibrada, rica em frutas e legumes.
E se você pensa que apenas uma mudança na alimentação já ajustará os ponteiros do seu fígado, saiba que a regularidade esportiva traz ganhos diretos. Um estudo realizado na Universidade de Pittsburgh, nos Estados Unidos, atestou que exercitar o corpo traz três vantagens principais: aliviar a resistência à insulina, aumentar a queima de triglicérides estocados e prevenir danos aos hepatócitos (células do fígado), o início do desenvolvimento de cirrose e câncer.
Como sempre, a dupla dinâmica "boa alimentação VS prática de exercícios físicos" são os pilares para o equilíbrio de todo nosso sistema.
Alimentação aliada ao tratamento do fígado
Carboidratos: priorize os integrais. Raízes, como a mandioca e o inhame, são uma boa pedida. Os carboidratos simples, como o pão branco e a batata, pedem moderação.
Gorduras: as poli-insaturadas, como a encontrada no abacate, nas castanhas e nos peixes, são bem-vindas. Enquanto isso, atenção com a versão saturada, de queijos amarelos e carnes vermelhas.
Probióticos: iogurtes e leites fermentados cheios de bactérias do bem mantêm o equilíbrio da microbiota intestinal, que está relacionada a um funcionamento correto do fígado.
Frutose: o açúcar das frutas nem sempre é o culpado da esteatose: se ingerida a fruta juntamente com sua fibra, o resultado é positivo!
Álcool: será que preciso citar todos os efeitos colaterais do efeito do álcool no fígado?
Ervas e especiarias
Ervas e especiarias podem também ajudar nesse processo, assim como auxiliar na regeneração de células do órgão e aliviar sintomas de gordura no fígado, como vômitos e barriga inchada. Sendo assim, vou citar alguns exemplos de ervas e extratos secos mais utilizados, mais que bem-vindos quando o que importa é a saúde do seu fígado. São elas:
Cardo-mariano (Carduus marianus) e Silimarina
A silimarina é o nome genérico de um grupo de compostos naturais (silimarina, silidianina e silicristina) extraída do fruto da planta medicinal Carduus marianus, reconhecida por sua atividade anti-hepatotóxica. A Silimarina caracteriza-se por ser um agente hepatoprotetor que impede a peroxidação dos lipídeos da membrana celular e das organelas dos hepatócitos.
A peroxidação é a incorporação de um oxigênio molecular (radical livre) sobre os ácidos graxos da membrana celular, levando à destruição de sua estrutura, perda das trocas metabólicas e, em última condição, à morte da célula.
Sendo assim, a silimarina protege a função hepática de eventuais substâncias tóxicas, sejam elas vindas de fora ou produzidas pelo nosso próprio corpo.
A silimarina é utilizada no tratamento de hepatopatias crônicas, cirrose, esteatose e lesão hepatotóxicas, produzindo melhora dos sintomas clínicos (cefaleia, astenia, anorexia, distúrbios digestivos etc.).
Deve ser indicada por profissional da saúde, pois a dosagem depende de fatores como sexo, idade e peso, entre outras variantes. A silimarina é contraindicada em pacientes com hipersensibilidade à droga – obstrução mecânica das vias biliares.
Modo de preparo do chá de cardo-mariano: adicionar 1 colher de sopa de folhas de cardo-mariano seco à água fervente (1 xícara) e depois deixar repousar por 10 minutos. O chá deve ser coado e bebido 3 vezes ao dia.
Alcachofra (Cynara scolymus L.)
Tão popular quanto o boldo, a alcachofra tem no seu ativo a cinarina, grande responsável pelo aumento da secreção biliar. O crescimento da eficiência metabólica do fígado se deve aos compostos polifenólicos, enquanto a cinarina abaixa significativamente a taxa de colesterol via estimulação metabólica enzimática, além de possuir propriedades hepatoprotetoras.
A alcachofra é usada em casos de hiperlipidemia e ateromatose no interior dos adipócitos (células de gordura). A ação protetora e regeneradora das células hepáticas é obtida pelos flavonoides, que estimulam a síntese enzimática básica do metabolismo hepático.
Seu uso pode ser feito por cápsulas ou chá que deve ser preparado usando as folhas secas da alcachofra.
Modo de preparo: ferver 1 litro de água em uma panela e, em seguida, assim que formarem as primeiras bolhas de ar, apagar o fogo. Adicionar 1 colher de chá (de 5 g a 6 g) de folhas de alcachofra à água, tampar a panela e deixar repousar por 10 minutos. Coar e beber até 4 xícaras de chá por dia antes das refeições.
Possíveis efeitos colaterais: os principais efeitos colaterais do uso do chá de alcachofra são diarreia leve, excesso de gases, fraqueza, enjoos e azia.
Cúrcuma longa
Cúrcuma longa é um insumo ativo que contém curcumina com poderosa ação anti-inflamatória, inibindo a atividade de moléculas responsáveis pela mediação da dor e da inflamação a partir da inibição desses alvos moleculares. A cúrcuma consegue controlar o processo inflamatório e sem efeitos colaterais, podendo ter uso crônico.
A dose usual do extrato seco padronizado (95%) varia de 300 a 500 mg, três vezes ao dia, administrados com alimentos (consulte seu profissional de saúde).
Laranja vermelha moro
O extrato seco dessa laranja é encontrado na forma de cápsulas em farmácias de manipulação cultivadas no mediterrâneo, exclusivamente na área em torno do vulcão Etna, na Sicília, Itália – que é a principal fonte dos pigmentos de antocianina em especial cyanidin-3-glucoside (C3G), um excelente antioxidante que geralmente não é encontrados em outras frutas cítricas, além de conter elevada concentração de vitamina C, flavonoides e ácidos hidroxicinâmicos.
Devido à potente ação antioxidante e o sinergismo dos componentes, possui uma ampla gama de benefícios, proporcionando melhora significativa do acúmulo de gordura no fígado e redução nos níveis sanguíneos de triacilgliceróis. A dosagem vai depender de fatores como sexo, idade e peso. Consulte seu profissional de saúde.
Boldo (Peumus boldus Molina)
Originário de regiões montanhosas do Chile, conhecido no Brasil como "boldo" ou "boldo-do-chile", é uma das plantas mais importantes para a saúde hepática. Estudos demonstraram que a boldina, seu principal princípio ativo, age interferindo no mecanismo associado à contração. Possui ação diurética que ocorre em decorrência da irritação promovida pelo terpineol presente no seu óleo essencial. Também age sobre as secreções gástricas, facilitando a digestão.
Reações adversas: queixas de espasmos intestinais devido ação laxativa, distorção ou diminuição do senso de paladar, irritação na garganta, dor abdominal, diarreia, indigestão, náuseas, vômitos e mal-estar.
Modo de preparo: ferver uma xícara de água fervente sobre uma colher de sopa de folhas secas de boldo e deixar repousar por 10 minutos. O chá deve ser coado e bebido de 2 a 3 vezes ao dia, de preferência antes das refeições.
Com certeza aí estão alguns passos para dar o "start" no seu processo de cura, ou mesmo, melhorar a ressaca dos exageros do Carnaval.
Boa folia, sempre com moderação!