Existem muitas dietas que viralizam nas redes sociais e nos sites de notícia de tempos em tempos, e a mais recente a ganhar espaço é a chamada dieta Ornish. Porém, antes de achar que esse método se restringe apenas à alimentação… pense novamente.
Na verdade, a dieta Ornish faz parte de um processo intenso de mudança de estilo de vida, que objetiva reverter questões cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida sem limitar ou restringir a quantidade de alimentos ingeridos. Vamos entender melhor?
O QUE É A DIETA ORNISH?
A dieta Ornish é uma proposta desenvolvida pelo professor Dr. Dean Ornish para tratar e reverter condições cardíacas, quadros de diabetes, combater o envelhecimento precoce e prevenir contra o câncer.
Ou seja, não envolve apenas a alimentação, mas segue uma proposta multifacetada de mudança de estilo de vida que colabora para a saúde e o bem-estar como um todo.
"Essa dieta faz parte de um contexto maior, que é essa mudança de estilo de vida intensiva, que tem como base a disciplinaridade", explica a Dra. Carolina Pimentel, nutricionista, PhD e certificada como Lifestyle Medicine Professional. "Então, além de seguir essa dieta, os pacientes recebem apoio médico, de educadores físicos, da nutricionista, obviamente, de um chef coach que vai ensinar, preparar e planejar todas essas refeições, um coordenador de hábitos, que chamamos de health coach, e um especialista de controle de estresse."
COMO A DIETA ORNISH FUNCIONA?
Dentro desse contexto de mudança de estilo de vida, a dieta Ornish é classificada como uma dieta plant-based, ou seja, uma dieta de padrão vegetariana composta, em sua maioria, por alimentos in natura.
Isso significa que o foco está no consumo de legumes, verduras e frutas, com menor índice de açúcares e carboidratos refinados, além de gorduras "ruins". De forma simples, a dieta pode ser resumida em alguns pontos:
- Consumo, em sua maioria, de alimentos de origem vegetal em sua forma natural (frutas, vegetais, legumes, grãos integrais, soja).
- Limitar o consumo de carboidratos "ruins" (carboidratos refinados, açúcares, adoçantes, farinhas brancas, arroz branco…).
- Consumo de 4g de gorduras boas por dia (óleo de peixe, óleo de linhaça, ômega-3 derivado de plânctons, castanhas, sementes).
- Consumo, em sua maioria, de proteínas de origem vegetal (claras de ovos, tofu, feijões, iogurtes e queijos desnatados).
- Moderado consumo de sal.
- Limitar o consumo de bebidas cafeinadas (como café, chá preto ou chá verde) a duas xícaras por dia, dependendo do tipo de bebida.
QUAIS OS BENEFÍCIOS E DESVANTAGENS DA DIETA ORNISH?
"Uma das vantagens é que essa se torna uma dieta muito rica em fibras, em fitonutrientes, em gorduras boas (insaturadas), fitoquímicos (antioxidantes)... Tudo isso está presente na cartela dos alimentos vegetais", explica a nutricionista.
Por outro lado, limita-se o consumo das carnes, o que pode gerar uma deficiência de vitaminas, principalmente as do complexo B, como a B12, e de ferro. Por isso, o próprio método recomenda a suplementação de alguns nutrientes para evitar complicações derivadas de uma dieta majoritariamente vegetariana.
O mesmo vale para o cálcio – como a dieta restringe o consumo de derivados do leite, esse é outro nutriente importante que pode faltar e gerar consequências para a saúde, tal qual o enfraquecimento dos ossos, por isso, também pode ser suplementada.
DIETA ORNISH E PERDA DE PESO
Uma das principais dúvidas é se essa dieta também colabora para a perda de peso e, considerando o estilo de alimentação, pode-se dizer que sim, ela colabora para a perda de peso.
No entanto, a dieta Ornish não se concentra em número de calorias consumidas por dia – mas na qualidade dos alimentos consumidos e seu valor nutricional. Por isso, é preciso fazer o acompanhamento com controle de porções, além de combinar a alimentação com uma rotina de exercícios para garantir a perda de peso desejada.
DIFICULDADES DA DIETA ORNISH
Vale lembrar que a dieta Ornish é, na verdade, parte de um programa muito maior que engloba não só uma alimentação plant-based, mas também uma rotina de exercícios, controle de estresse e o desenvolvimento de uma rede de apoio – tudo isso, combinado, é o que faz esse processo tão interessante e efetivo na luta contra as doenças cardiovasculares e na melhora do estilo de vida.
"A maior dificuldade é entender os hábitos alimentares, por isso, está aí o papel do nutricionista, que vai ensinar essas pessoas a preparar as refeições, planejar e ter tudo disponível para não precisar focar no ambiente", continua a Dra. Carolina. "Para mudar hábitos, é preciso ter uma consciência muito grande e controle para perseverar nesses hábitos".