Parte da história e da economia brasileira, o café também está no coração — e no copo — do povo. A bebida é a segunda mais consumida no Brasil, perdendo apenas para a água. Ela tem até uma data para chamar de sua, que é celebrada no mundo todo: o 14 de abril, Dia Mundial do Café.
Assim como tudo, o problema está no excesso. Se consumido moderadamente, o café traz benefícios à saúde. "A cafeína bloqueia os efeitos da adenosina, o hormônio responsável pelo aumento da sensação de cansaço, além de ampliar a atividade da dopamina, que estimula o cérebro, melhorando o humor, foco e estado de alerta", afirma Carolina Tavares, nutricionista da Vitamine-se.
E os benefícios não param por aí. Devido ao seu efeito estimulante no sistema nervoso central (SNC), a cafeína também pode favorecer seu desempenho físico nos exercícios. "A cafeína eleva os batimentos cardíacos e aumenta a pressão sanguínea, o que faz com que chegue mais sangue, rico em oxigênio e nutrientes, de forma mais rápida, nas células musculares. Além disso, também favorece o uso das gorduras como fonte de energia, poupando combustível (glicogênio) para os músculos, o que ajuda a reduzir a fadiga, favorecendo a performance", completa a especialista.
Outras razões para tomar um cafézinho
A nutricionista funcional Cris Ribas Esperança destaca ainda outros aspectos positivos que justificam a popularidade da bebida. Veja outros benefícios do café:
1. Pode melhorar o desempenho físico e mental: a cafeína no café é um estimulante natural que pode melhorar o desempenho físico e mental. Pode aumentar a energia, a atenção e a concentração.
2. Pode ajudar na perda de peso: a cafeína no café pode aumentar a taxa metabólica e ajudar a queimar gordura. Além disso, o café é uma bebida sem calorias, desde que não seja adicionado açúcar ou outros aditivos calóricos.
3. Pode reduzir o risco de doenças crônicas: alguns estudos sugerem que o consumo moderado de café pode reduzir o risco de várias doenças crônicas, como doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson.
4. Pode ser rico em antioxidantes: o café contém vários antioxidantes que podem proteger as células do corpo contra danos causados pelos radicais livres. Alguns estudos sugerem que o café pode ser uma das principais fontes de antioxidantes na dieta ocidental, aponta a especialista.
O café pode prevenir a lesão renal aguda (LRA)
Um estudo publicado na revista médica Kidney International Reports descobriu que o consumo regular de café pode reduzir o risco de LRA. "Comum principalmente em pessoas hospitalizadas, a lesão renal aguda é caracterizada pela perda súbita da capacidade dos rins de realizarem funções básicas como filtragem de resíduos e substâncias nocivas do sangue", explica a médica nefrologista Dra. Caroline Reigada, especialista em Medicina Intensiva pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira.
"Causada por lesões e obstruções no rim e diminuição do fluxo de sangue para o órgão, a LRA tem como sintomas iniciais retenção de líquido e redução da quantidade de urina, podendo causar ainda fadiga, falta de apetite e de ar, náusea e confusão em casos mais graves. E a doença requer tratamento intensivo, pois pode ser fatal, mas é reversível dependendo do estado de saúde do paciente", completa.
Os pesquisadores analisaram os dados de 14 mil adultos e concluíram que os indivíduos que bebem qualquer quantidade de café têm menor risco de desenvolver lesão renal aguda em comparação com aqueles que não consomem a bebida. Eles observaram um risco 15% menor de LRA nos indivíduos que consumiam qualquer quantidade de café em comparação àqueles que não consumiam.
Por que o café aumenta a vontade de evacuar?
Quem é adepto do cafézinho sabe que é comum sentir vontade de ir ao banheiro após consumir a bebida. Isso acontece porque a cafeína pode aumentar a atividade do sistema nervoso e do trato gastrointestinal. Ela estimula o cólon, que é a parte final do intestino grosso, a se contrair mais rapidamente e com mais força. Isso aumenta a velocidade com que o alimento é movido através do intestino, o que pode levar à vontade de defecar.
Além disso, o café é rico em ácido clorogênico, que ao diminuir subitamente o pH gástrico, intensifica o reflexo gastrocólico — aumento do movimento muscular no trato gastrointestinal quando a comida entra no estômago vazio. Pode causar a urgência de ter um movimento intestinal (evacuar).
A nutricionista Cris Ribas Esperança explica que o café também estimula a produção de ácido clorídrico no estômago, o que pode aumentar a motilidade do intestino e a produção de muco no intestino. Esse aumento da produção de muco pode ajudar a lubrificar o revestimento do intestino e facilitar a passagem das fezes.
No entanto, é importante lembrar que a reação ao consumo de café pode variar de pessoa para pessoa. Algumas pessoas podem não sentir nenhum efeito no trato gastrointestinal, enquanto outras podem apresentar desconforto ou até mesmo diarreia após consumir café.
O excesso faz mal
É importante destacar que, mesmo que traga benefícios à saúde, o consumo de café em excesso faz mal ao organismo. Cris elenca os principais malefícios associados à alta ingestão de cafeína:
1. Pode causar ansiedade e nervosismo: o consumo excessivo de café pode causar ansiedade e nervosismo, especialmente em pessoas sensíveis à cafeína.
2. Pode levar à insônia: a cafeína no café pode afetar o sono, tornando mais difícil dormir ou permanecer dormindo. Isso pode ser especialmente problemático se o café for consumido à noite.
3. Pode aumentar a frequência cardíaca: o consumo excessivo de café pode aumentar a frequência cardíaca e levar à taquicardia em algumas pessoas.
4. Pode causar dependência: a cafeína é uma substância psicoativa e pode levar à dependência em algumas pessoas. Isso pode levar a sintomas de abstinência, como dor de cabeça, fadiga e irritabilidade.
5. Pode interferir na absorção de nutrientes: o consumo excessivo de café pode interferir na absorção de certos nutrientes, como cálcio, ferro e zinco, em algumas pessoas.
Como tomar café de forma equilibrada
Não é preciso abandonar a bebida, apenas consumir com moderação. A nutricionista dá algumas dicas que podem ajudar nisso. Confira:
1. Limite a quantidade de café que você bebe: o consumo moderado de café é considerado geralmente seguro para a maioria das pessoas. A recomendação geral é consumir até 400 mg de cafeína por dia, o que equivale a cerca de 4 xícaras de café.
No entanto, é importante lembrar que a quantidade de cafeína no café pode variar significativamente, dependendo da variedade e do método de preparação. Por isso, é importante prestar atenção na quantidade de cafeína que você está consumindo.
2. Evite adicionar açúcar ou outros aditivos calóricos: Cris ressalta que o café em si é uma bebida saudável e sem calorias, mas quando adicionamos açúcar, creme, leite ou outros aditivos calóricos, podemos comprometer os benefícios do café para a saúde. Se você quiser adicionar um pouco de sabor ao seu café, tente usar leite sem gordura ou sem lactose, ou adoçantes naturais como stevia.
3. Não beba café à noite: a cafeína pode afetar o sono, portanto, evite consumir café à noite, especialmente se você já tem problemas para dormir. Se você precisar de uma bebida quente antes de dormir, tente chás de ervas sem cafeína.
4. Beba água: o café é diurético, o que significa que pode levar à desidratação. Certifique-se de beber água suficiente ao longo do dia para evitar a desidratação e manter o corpo hidratado.
5. Considere outras fontes de antioxidantes: o café é uma das principais fontes de antioxidantes na dieta ocidental, mas existem outras fontes de antioxidantes que você pode incluir em sua dieta, como frutas, legumes e chás de ervas.