Você é fã do famoso cafezinho e conta com a ajuda dele para manter o ânimo durante o dia? Se sim, precisa tomar cuidado. Pois, uma revisão de estudos, publicada na revista Sleep, revelou que o horário limite para tomar café pode ser mais cedo do que imaginava. Confira o que diz a Agência Einstein:
Café perto da hora de dormir
Até então, a recomendação era que se consumisse a última xícara de café, em média, seis horas antes de dormir. Agora, a nova descoberta mostra que deve-se ingeri-la 8,8 horas antes. Ou seja, alguém que pega no sono às 22h, tem que beber o líquido depois do almoço, em torno das 13h. O motivo? Se você tomar café perto do momento de descanso, ocorre o risco de redução de 45 minutos, diminuindo a eficiência do descanso em 7%, pois diminui o tempo de sono profundo e aumenta o de sono leve.
"Isso é um grande problema. Imagine reduzir em 45 minutos o tempo de sono em cada noite? A soma disso, ao final de sete dias, resulta em uma privação de sono que a pessoa impôs por um hábito alimentar. Para uma noite de sono ser saudável, é preciso ter uma eficiência em torno de 85%. Fazemos esse cálculo com base em exames de polissonografia. A eficiência é medida entre o tempo que a pessoa está na cama e o quanto desse tempo ela realmente conseguiu dormir", explica a neurologista Letícia Soster, do Grupo Médico Assistencial do Sono do Hospital Israelita Albert Einstein.
Metabolização da cafeína
Quanto à quantidade de cafeína, não há um número ideal, pois varia entre indivíduos. "Não falamos em quantidade, mas especialmente em evitar o horário de consumo. As pessoas são diferentes em relação à sensibilidade à cafeína e existe uma variação individual muito grande, que, inclusive, pode ser geneticamente determinada", conta a especialista.
Ação da cafeína no organismo
Para entender melhor, o sono acaba sendo prejudicado pela cafeína, pois a substância inibe a ação da adenosina - um neurotransmissor associado à sensação de cansaço. Segundo a Agência, "em uma situação normal, a pessoa acorda, gasta energia e libera moléculas de adenosina, manifestadas com cansaço, deixando as ações e reações mais lentas com o passar do dia".
Quando o corpo absorve a cafeína, ela substitui a adenosina no cérebro. "Com isso, ao invés de a adenosina agir no cérebro, promovendo o cansaço, a cafeína vai agir no lugar dela, estimulando o organismo", atesta Soster. O grande impasse acontece quando o pico da ação do café abaixa. O cansaço acumulado chega de uma vez só e a tendência é tomar mais café para que a sensação passe.
Se você se encontrar nessa situação de cansaço extremo e necessidade da bebida para render mais, vale consultar um médico. "Existem outras coisas que levam a isso e o café talvez esteja disfarçando. Além disso, tem a questão da habituação: o cérebro daquela pessoa está acostumado a funcionar apenas dessa forma. Tudo isso precisa ser avaliado", ressalta a neurologista.