O azeite é um dos alimentos mais fraudados no país. Em novembro do ano passado, o Ministério da Agricultura e Pecuária apreendeu 6.031 garrafas de azeite de oliva falsificado e, com o preço mais elevado, essa prática está cada vez mais comum.
É possível identificar um azeite fraudado? Em entrevista ao Degusta, em julho de 2023, a azeitóloga Ana Beloto deu algumas dicas que ajudam a evitar o consumo desses alimentos falsificados.
Segundo a profissional, a fraude mais recorrente é a mistura do azeite com outros tipos de óleos: o de soja ou de girassol, por exemplo, que possuem valores mais baratos.
"Na compra de um azeite, o consumidor deve se atentar ao rótulo. Para que o produto seja considerado 'azeite extravirgem' ou 'azeite de oliva virgem', segundo a legislação, não é permitida a presença de misturas com óleos vegetais refinados, como de soja, milho e girassol, de outros ingredientes, aromas ou sabores", alerta Ana Beloto.
Uma informação importante também é que se deve tomar cuidado com nomenclaturas das embalagens como “tempero português” ou “tempero espanhol”, pois isso significa que aquele produto é uma mistura e não um azeite de oliva de boa qualidade.
"Desconfie de azeites com valores baratos".
Para produzir um litro de azeite são necessários no mínimo 10 quilos de azeitona. Além disso, o valor do dólar e do euro influenciam no preço do produto encontrado nas prateleiras do supermercados por ele ser importado, e até mesmo no caso da produção nacional, por ela possuir os insumos, maquinários e embalagens fornecidos por outros países em moeda estrangeira.
"Verificar a data de produção também é fundamental, uma vez que quanto mais fresco e novo o azeite é, melhor serão conservadas as suas propriedades nutricionais e sensoriais. O amargor e a picância são outros atributos positivos relevantes na escolha de um bom azeite", explica a azeitóloga.
Confira mais 3 dicas para identificar azeites fraudados:
1 - Alguns produtos incluem no rótulo a informação da safra, o ano em que o azeite foi extraído. Quando não há essa indicação ou data de fabricação, busque pelo azeite que foi envasado mais recente e dê uma olhada ne data de vencimento, que deve ser de até dois anos.
"O local de origem e procedência devem ser observados, assim como os vinhos, cada região produtora de azeites tem suas variedades típicas e seu terroir, que dão aos azeites ali feitos características únicas. Por isso, os azeites DOP (Denominação de Origem Protegida), AOC (utilizado para o controle de azeites de origem francesa) e IGP (Indicação Geográfica Protegida) são bons indicadores de qualidade".
2 - Confira a acidez do azeite no rótulo. Ela não é sensível ao paladar, não é sentido como um sabor, é resultado de análises químicas laboratoriais.
"Após o processo de produção, o azeite é classificado. O tipo extravirgem, de qualidade superior, não tem defeitos sensoriais e possui uma acidez máxima de 0,8%. Já o azeite tipo virgem tem limite de acidez maior que 0,8% e menor que 2% e com alguns defeitos no seu aroma e/ou paladar".
3 - O azeite tipo lampante é impróprio para consumo humano. Ele possui esse nome referente ao seu uso para acender lamparinas na antiguidade e possui uma acidez e defeitos sensoriais elevados. Para que possa ser comercializado como alimento deve ser submetido a um processo de refino.
"Isso deve ser uma atenção também aos restaurantes, que usam o produto na cozinha e nas mesas dos estabelecimentos. Como azeitóloga, atualmente eu tenho assessorado alguns projetos foodservice tanto na compra, na formulação do blend de azeite, quanto no uso do azeite nos restaurantes. É uma chancela de credibilidade e segurança para os restaurantes", diz Beloto.
"Isso resulta em compras com melhor custo benefício, uma melhor escolha do produto e diminui o risco de comprar produtos adulterados e sem procedência, o famoso 'gato por lebre'", conclui.