O resultado de um estudo recente realizado pela Proteste revelou que três marcas reconhecidas de pão de forma apresentavam teor alcoólico acima do esperado, o que deixou muita gente preocupada. Faz mal à saúde? Passa no teste do bafômetro?
O Detran de Goiás fez o teste e mostrou o resultado em suas redes sociais! Para quem tem medo de ser parado na Lei Seca após ingerir um pãozinho e ser reprovado no teste e até correr o risco de ter o carro apreendido, isso pode acontecer, dependendo da marca e do tempo que o alimento foi consumido.
Após o consumo do pão da marca Visconti e realização imediata do teste, o bafômetro acusou 0,12 miligramas de álcool por litro de ar expelido (mg/l). Para o órgão, uma pessoa é considerada alcoolizada quando o resultado é igual ou superior a 0,05mg de álcool por litro de ar. A marca Pullman apontou o resultado do bafômetro negativo.
"Além de não beber e dirigir, a dica é: se for consumir qualquer alimento processado logo antes de dirigir, fique atento à composição", diz a legenda da publicação do Detran-GO.
Uma seguidora questionou a forma como foi feito o teste. "Tenho que discordar da metodologia utilizada no teste. O que foi colhido pelo etilômetro não foi o ar alveolar e sim pura e simplesmente o hálito após ingestão imediata. Isso que dizer que não deu nem tempo do álcool presente nos pães ser metabolizado e entrar na corrente sanguínea. Da forma como foi colhida a amostra, aposto que 15 minutos após repetindo o procedimento o equipamento não seria mais capaz de detectar o odor etílico".
Após alguns comentários criticando a forma de realização, o Detran postou outro vídeo e afirmou que basta aguardar três minutos após consumir o pão para o resultado ser diferente.
A médica nutróloga Thais Aquino explicou que o álcool é uma substância comum em alimentos e medicamentos. Ele pode ser adicionado ou oriundo da fermentação natural. Como a quantidade é insignificante, ele não aparece mais no bafômetro após três minutos.
"O álcool faz parte da composição do pão por dois motivos: o primeiro é pelo processo natural de fermentação do pão, que transforma o açúcar desse alimento em álcool. O segundo é porque algumas marcas adicionam o álcool como conservante porque ele inibe o crescimento de bactérias e fungos, o que aumenta a vida últil desse produto", explicou a médica.
Pães reprovados
Segundo a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), algumas das marcas de pão mais consumidas no Brasil tem teores elevados de álcool.
A pesquisa avaliou as dez marcas líderes de vendas no País: Visconti, Bauducco, Wickbold 5 Zeros, Wickbold Sem Glúten, Wickbold Leve, Panco, Seven Boys, Wickbold, Plusvita e Pullman. Entre elas, seis apresentaram teor alcoólico acima do esperado e somente as duas últimas foram aprovadas em todos os testes.
Segundo a Proteste, se os pães fossem bebidas, pela legislação, seis dessas marcas seriam consideradas alcoólicas. É que, no Brasil, para que uma bebida seja considerada como não alcoólica ela deve conter um teor máximo de etanol de 0,5%. Mas o número vai além desse limite entre os alimentos das seguintes marcas:
Visconti (3,37% de teor alcoólico);
Bauducco (1,17% de teor alcoólico);
Wickbold 5 zeros (0,89% de teor alcoólico);
Wickbold sem glúten (0,66% de teor alcoólico);
Wickbold leve (0,52% de teor alcoólico);
Panco (0,51% de teor alcoólico).
Ainda conforme o relatório, é possível supor que consumir apenas duas fatias do pão de algumas marcas poderia resultar em uma leitura positiva no teste do bafômetro. Para chegar a essa conclusão, o estudo considerou os limites listados como seguros pelo Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS), que define que as taxas devem ser abaixo de 3,3g de álcool.