Para quem preza pelo bom cafezinho de cada dia, a xícara de café perfeita pode parecer um item exclusivo de sonhos, mas não é! Com atenção a alguns detalhes simples e a indicações na embalagem, é possível escolher um café delicioso e com excelente custo-benefício no mercado. O Guia da Cozinha conversou com o barista pro Bruno Marcel a fim de aprender — e te ensinar — como escolher o café certo.
O barista pro dá a dica: "Escolha pelo selo de qualidade e a data da torra, os dois já vão te garantir uma boa compra." Além disso, uma validade nova garante frescor e melhor sabor da bebida. "Se a embalagem indicar a região da colheita, assim como uma torra média ou clara e o processo de colheita, a chance de ter um excelente café em mãos é maior", complementa. A fim de entender cada um desses detalhes com profundidade, confira:
Aprenda como escolher o café certo
O melhor indicador é o selo ABIC
A Associação Brasileira da Indústria do Café (ABIC) classifica e rotula as embalagens com selos, a fim de atestar a pureza e a qualidade de cada produto. A classificação seguida pelo selo ABIC é determinada pela nota, de 0 a 10, dada ao café pelo Programa de Qualidade do Café (PQC). Assim, o café que recebe o selo ABIC pode ser classificado como tradicional, superior ou gourmet.
"Com os selos na lateral ou na parte de trás da embalagem, você pode identificar a qualidade do pó. Também é possível verificar o tipo de torra (escura, média ou clara) e até a classificação de sabor (amargo, doce e ácido)", explica o barista pro.
Antes de mais nada, entenda a diferença entre as torras de café
A torra dos grãos de café é um processo capaz de determinar o sabor, o aroma e até a consistência do café. É impossível diferenciar as torras escura, média ou clara por meio da coloração do café.
Quanto mais escura for a bebida, mais amargo é o sabor. A torra escura indica que os grãos foram queimados e que algumas impurezas podem ter sido camufladas entre eles. Por outro lado, a torra média garante um cuidado maior com o sabor e aroma do grão.
Em relação à qualidade, a torra clara é um bom indicador de qualidade. Com este tipo de procedimento, há um cuidado especial com o sabor do grãos e as nuances de sabor.
Experimente hoje mesmo este café cremoso - Foto: Shutterstock
Tradicional, superior ou gourmet: entenda cada classificação
O café com selo tradicional também pode ser rotulado como "extraforte". Esta classificação é dada aos grãos que recebem notas entre 4,5 e 6 no Programa de Qualidade do Café. Amargo, este é o tipo de café mais comum nos supermercados. A torra deste tipo de grão é mais escura e a bebida exige açúcar ao servir.
O café superior tem notas entre 6 e 7,2. Ou seja, a qualidade do café é superior à dos "tradicionais". Ao passo que a classificação do café tradicional aceita até 20% de grãos defeituosos, o café superior só pode ter até 10%.
Tanto o café com selo tradicional quanto o café com selo superior podem ser compostos por blends. De forma simplificada, isso significa que o café não é 100% puro, mas, sim, uma mistura de duas espécies de grão: Arábica, que tem um sabor e aroma mais apurados, e a Robusta, mais amarga e com maior teor de cafeína.
Por fim, o café gourmet é aquele com nota superior a 7,3 no PQC .A classificação gourmet garante que 100% do café é da espécie Arábica e que os grãos foram criteriosamente selecionados. Naturalmente adocicado, o sabor desse café é mais complexo do que as classificações anteriores.
O café especial é ainda melhor
Assim como o café gourmet, os cafés especiais também tem 100% dos grãos da espécie Arábica, que é mais sofisticada. De acordo com Marcel, com o selo especial, há também a indicação de altitude, peneira, variedades, processos de secagem ou colheita, assim como rastreabilidade e procedência com cooperativas.
A embalagem também é especial. Nela, há uma válvula que evita a oxidação precoce dos grãos torrados. "A região e as notas sensoriais do café também são relevantes para a personalização e exclusividade que o cliente busca quando se fala de cafés especiais", complementa.
Em relação à região da plantação, a simples indicação do local na embalagem pode ser um bom indicativo de qualidade. Este tipo de selo é importante, porque o café é influenciado pelo solo e pela altitude em que foi cultivado.
Quanto ao custo-benefício, como escolher o café certo?
Segundo o barista pro, os cafés tradicionais e superiores são bem próximos de qualidade e mais baratos. Já o café gourmet tem um preço próximo aos especiais, mas não garante a mesma qualidade e sabor refinado que os especiais.
"É importante dizer que café especial é mais caro, mas também é mais saudável e garante um bem-estar maior na compra, pois estamos falando de café puro e selecionado, sem sujeiras e outros elementos presentes", afirma Bruno.
A fim de reafirmar o café especial como melhor custo-benefício a curto e longo prazo, o barista cita o especialista em café, Léo Montesanto: "Café especial é o luxo mais barato que qualquer brasileiro pode ter".