Eles eram 15 candidatos a darem tudo de si para ganhar a 8ª edição do concurso Lyre D'Or (Lira de Ouro, tradução livre), que acontece de dois em dois anos no Salão do Queijo de Paris. A competição é voltada para os cremiers-fromagers, como são chamados na França os comerciantes especializados em queijo artesanal, ou queijistas no Brasil.
O grande vencedor foi Grégoire Declemy, da loja Fromagerie Planchon, da cidade de Amiens, no Norte da França. Ele escolheu uma estética super minimalista para apresentar seus queijos. Bolinhas de queijos passada no curry e outras delícias bem no estilo finger food que tem sido tendência.
O tema para a realização da tábua de queijos do concurso esse ano foi "Esporte e Queijo". Cada candidato teve direito a uma mesa de inox para trabalhar e outra mesa, de 80×80 cm para executar três provas. Em segundo lugar, a jovem Gaëlle Poder, da loja Chez Virginie, de Paris brincou em cortar os queijos de diferentes formas.
A primeira prova foi fazer uma tábua de queijos tradicional e clássica, segundo rezou o regulamento: "para satisfazer 15 amigos reunidos para assistir a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, com 7 a 9 queijos, sendo 4 de denominação de origem protegida - DOP. Essa tábua deve apresentar também o queijo preferido do candidato, com uma justificativa em formato A4. Cada queijo deve ter uma etiqueta com seu nome, origem e tipo de leite." Nessa prova, os jurados avisaram que queriam os queijos mais inteiros, sem cortes, e com algum tipo de encenação.
Em terceiro lugar Clément Gavand, medalha de bronze, da loja Les Garçons Fromagers, em Dôle, cidade da região da Bourgogne-Franche-Comté. Ele fez composições lindas e precisas, mas certamente perdeu ponto por usar bijuterias grandes, anéis, pulseiras e brinco de argola, o que não é aconselhado nas aulas de higiene da Federação dos Queijistas da França. Bom, se não estivesse enfeitado poderia ter sido melhor classificado.
Todos os queijos, suportes, alimentos que acompanham e decorações foram levados pelos candidatos. Há um mês, uma das candidatas me ligou pedindo se eu tinha algum queijo brasileiro. A sorte foi que eu tinha chegado do Brasil com o queijinho primavera, da Estância Silvania. De leite cru de vaca Gir A2A2, o queijinho ficou lindo na tábua da queijista Margot Marcant, de Angers.
A segunda prova foi fazer uma tábua de queijos em estilo "coquetel aperitivo", para ser degustado na cerimônia de premiação das medalhas olímpicas do Ministério dos Esportes, durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris. "Sugerimos aos candidatos de imaginarem a quantidade para 20 pessoas," disse Martine Dubois, presidente do concurso. Todos os queijos deveriam ser apresentados cortados. "Os jurados serão particularmente atentos à originalidade dos cortes, precisão e originalidade da encenação. O objetivo foi montar um buffet completo de recepção para convidados, como se não houvesse outros alimentos."
A terceira prova foi fazer 3 lanches contendo queijos, inteiramente montados no local, com ingredientes dos candidatos. Isso foi uma super novidade, uma inovação na cultura queijeira francesa, que geralmente serve os queijos sempre de forma muito pomposa e nunca em estilo casual como em um sanduíche. Que venha o progresso!
Diferentes estilos, muitas emoções
Eles vieram de toda França, a maioria empregados de lojas de queijos apoiados e patrocinados por seus chefes. É lindo sentir e ver como todos dão o melhor de si, sentem muita alegria em executar o que planejaram, vemos nos seus rostos o orgulho, o brilho mas também, é humano, a tristeza e decepção de não conseguir, sempre com a alegria de ter tentado.
Espero que os candidatos do concurso de Melhor Queijista do Brasil encontrem sua inspiração e seu estilo!