Um grupo de amigos viralizou ao consumir duas garrafas do vinho branco português Perâ-Manca no restaurante Mistura, em Salvador, e, só na hora de pagar a conta, descobriram que as bebidas custavam R$ 1650 cada e não R$ 165 como eles imaginavam.
Mas por que esse vinho é tão caro? O Perâ-Manca é produzido pela Adega Cartuxa, do Alentejo e considerado um dos vinhos portugueses com mais prestígio. Em entrevista à Band em 2022, João Teixeira, diretor da Adega Cartuxa, contou que o Pêra-Manca é considerado o "rei" dos vinhos.
O nome foi escolhido por conta das pedras encontradas na região de Évora, no Alentejo. que se movem e desequilibram e por isso são chamadas de pedras mancas. O processo de produção é complexo com a junção de duas uvas, Trincadeira (fornece acidez) e de Aragonez (dá a estrutura), que são fermentadas separadamente e só no final do processo são misturadas.
"Quando a uva chega, ela é escolhida, selecionada por uma máquina que funciona por inteligência artificial, ela filma a uva e, de acordo com as indicações que lhe damos separa os bagos que queremos guardar para dar origem ao vinho, dos bagos que não estão no estado de maturação", explicou Pedro Baptista, enólogo da Fundação Eugénio de Almeida.
O Perâ-Manca descansa em barris de carvalhos francês e depois são armazenados em um mosteiro, do século XVI, da ordem dos cartuxos, monges que viviam enclausurados. O motivo da bebida ser armazenada no local é por conta do tipo de construção, com paredes grossas e com teto em arco, o que preserva a temperatura ao longo do ano nos limites ideais para a evolução.
O Pêra-Manca é produzido desde 1990 e demora quatro anos para ficar pronto. Em média, em uma década são produzidas cinco safras, por isso o preço da garrafa é tão valorizado, e, dependendo da safra, pode ultrapassar R$ 5 mil a unidade.
Ele é encontrado nas versões branco e tinto. Depois de Portugal, o Brasil é o maior consumidor desse vinho, seguido por Estados Unidos e França. O teor alcoólico do branco é 13%.
Os vinhos brancos têm como base as castas Antão Vaz e Arinto e possuem cor citrina, aroma intenso de fruta, fino e complexo. Na boca, são macios, secos, complexos e equilibrados.
Os vinhos tintos possuem sensação de suavidade dos tintos do Alentejo e, com o tempo, ganham mais aromas e sabores complexos. Devido à grande qualidade dos taninos e madeiras utilizadas, os vinhos têm muita longevidade.