No último domingo (01), aconteceu no Palácio Itamaraty o jantar de posse do novo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Alguns importantes e renomados chefs do país foram convidados a servirem seus pratos no evento, incluindo Morena Leite, Bela Gil, Kátia Barbosa, entre outros.
Alguns pratos, porém, chamaram atenção do público por apresentarem elementos diferentes do que consumimos no dia a dia, como foi o caso do arroz carreteiro com ovo e PANCs, servido pelo chef Paulo Machado. O arroz carreteiro e o ovo não causam estranhamento algum, porém, as PANCs podem ter deixado um grande ponto de interrogação na cabeça de quem deu uma olhadinha nesse menu.
O que são PANCs?
PANC é a sigla para Plantas Alimentícias Não Convencionais, que são plantas ou partes de plantas que podem ser usadas na alimentação, mas que geralmente não são usadas pelas pessoas rotineiramente. Elas não são uma família de plantas de uma mesma espécie, e sim, vários tipos diferentes, podendo ser nativas ou exóticas, espontâneas ou cultivadas.
O que faz com que a planta seja considerada uma PANC, então, é o contexto em que ela está inserida. Pode ser que uma planta seja comumente consumida em uma região e em outra não, então, nesta segunda ela é não convencional.
Uma das principais características das PANCs é que elas dificilmente são encontradas em mercados, principalmente por serem consideradas ervas daninhas, infestantes ou invasoras, já que muitas delas crescem espontaneamente junto com outras plantas. Ao jogá-las fora estamos perdendo a oportunidade de consumir alimentos com alto valor nutricional por falta de informação.
Apesar de começarem a ganhar mais destaque recentemente por serem utilizadas em pratos de chefs renomados, como Paulo Machado, na verdade, elas são utilizadas na alimentação há muito tempo, já que são fáceis de serem encontradas. Principalmente antigamente, quando o contato do homem com a natureza era maior.
Estima-se que o número de plantas consumidas pelos humanos caiu de 10 mil para 170 nos últimos cem anos, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Olhando esse número conseguimos entender porque existem tantas PANCs espalhadas pelo mundo.
Para encontrar as plantas alimentícias não convencionais é preciso recorrer a feiras orgânicas ou ao Ceasa, também é possível cultivar algumas delas em casa. São muito indicadas para alimentações saudáveis e podem compor os mais diversos pratos, como saladas, farinha, tempero para carne, etc.
O livro Plantas Alimentícias Não Convencionais (Panc) no Brasil, lançado em 2015, é uma boa fonte para conhecer melhor esse tipo de planta. Nele, há também um guia com 351 espécies e 1.053 receitas para quem quer botar a mão na massa.
Como consumir as PANCs?
Como já dito, cada planta dessas pode ser de uma espécie diferente, por isso, exigem preparos diferentes também. Algumas podem ser consumidas in natura e outras precisam ser cozidas ou refogadas.
Algumas delas devem ser obrigatoriamente cozidas, já que precisam passar por um processo para eliminar substâncias que podem causar problemas de saúde. Outras podem ser cozidas apenas para se tornarem mais macias. O mais importante é conhecer mais sobre a planta antes de consumi-la para não cometer erros.
Alguns exemplos de PANCs
- Ora-pro-nobis
- Peixinho-da-horta
- Dente de leão
- Taioba
- Azedinha
- Bertalha
- Serralha
- Araruta
- Capuchinha
- Beldroegão
- Caruru
Quais as PANCs utilizadas no prato servido na posse?
Segundo o post feito pelo chef Paulo Machado em seu perfil do Instagram, as PANCs foram utilizadas para a decoração do prato. "PANCs a gosto para decorar (sugestão: ora pro nobis, beldroega, serralha, dente de leão)" explicou ele ao passar a receita para o público.
