O crescimento saudável depende, entre outros fatores, dos hábitos alimentares que a criança adquire desde a mais tenra idade. E o comportamento dos pais é decisivo nessa questão. “Eles são os responsáveis pelas primeiras experiências da criança: oferecem os alimentos, escolhem o tamanho da porção e determinam o horário das refeições”, exemplifica a nutricionista Luciana Lorenzato, do Departamento de Psicologia da Universidade de São Paulo (USP) e autora do estudo Avaliação de atitudes, crenças e práticas de mães em relação à alimentação e obesidade de seus filhos através do uso do Questionário de Alimentação da Criança (QAC).
E mais: os pais são o maior exemplo para o filho. Se eles não se preocupam com a alimentação, são fãs de fast food, pratos e comidas prontas, o filho cresce com o mesmo pensamento, longe de um estilo de vida saudável. Mas, de acordo com a pesquisa, algumas mudanças no dia a dia podem beneficiar a formação dos bons hábitos alimentares. Veja como.
Foco na refeição
Fracione a alimentação em seis refeições ao longo do dia (café da manhã, almoço, jantar, lanches entre as principais refeições e ceia) e estabeleça horários para cumpri-las. Na hora da refeição, o ambiente deve ser agradável, sem brigas, com todos sentados à mesa e a criança em uma altura confortável para que não tenha dificuldade de acesso ao alimento.
Mão na massa
Leve seu filho ao mercado e deixe-o ajudar nas compras. Mas lembre-se de evitar pratos prontos: priorize o que é saudável. Outra atitude positiva é preparar as refeições em casa, com a ajuda da criança. Além de deixar o fast food de lado, ela se torna mais propensa a experimentar o alimento. “Vale ainda caprichar na apresentação do prato, aqueles coloridos e até com desenhos podem estimular o apetite”, ensina Luciana Lorenzato.
E nada de fazer um prato exclusivo. “Ofereça a ela os mesmos alimentos preparados para toda família, porém, tente fazer pelo menos um item que ela goste mais”, orienta a nutricionista.
Sem medo dos novos alimentos
Neofobia alimentar é nome dado ao medo de se ingerir novos alimentos – e acomete o ser humano desde o nascimento. “Ao longo do tempo, quando a criança observa familiares e amigos ingerindo alimentos que não conhece, esse medo diminui e ela experimenta”, comenta Maria Luiza Petty, membro do Departamento de Nutrição da Sociedade de Pediatria de São Paulo.
Mas a especialista recomenda variar o cardápio aos poucos. “Como nosso paladar é aprendido a partir da observação e experimentação, deixe seu filho se acostumar, gradativamente, à aparência e textura dos alimentos. Estudos indicam que a criança deve ser exposta ao novo alimento de 10 a 15 vezes, para que o mesmo seja aceito”, afirma.
Sem chantagem
A comida não pode ser colocada como um presente ou um castigo. “Obrigar o filho a comer pode, com o tempo, prejudicar o controle da fome e da saciedade e levar ao excesso de peso”, explica a pesquisadora Luciana Lorenzato. “O ideal é confiar na criança quando disser que está satisfeita. Se ela ficar com fome, vai alimentar-se na próxima refeição.”