Cada mãe ou pai tem um “truque” para fazer o filho comer: desde oferecer a refeição com outro talher e fazer “aviãozinho”, contar histórias e até deixar o televisor ligado para distraí-lo. Essas estratégias, no entanto, podem ser prejudiciais, principalmente sob o ponto de vista comportamental.
A criança come para aplacar a fome e, quando se alimenta sozinha, seja com as mãos, seja com os talheres, torna-se independente e sente prazer na refeição. Na hora em que os pais resolvem ajudá-la, colocando um talher extra no prato e oferecendo comida na boca, ela passa a se desinteressar e até a recusar a comida. “Esse ato interfere no desenvolvimento da maturidade, autonomia e independência da criança em relação aos pais”, explica a nutricionista Viviane Rodrigues Guerra, da Rede de Hospitais São Camilo, em São Paulo.
Uso dos talheres
O que se pode fazer se a criança ainda usa as mãos para comer é desencorajá-la, gradativamente, explicando sobre o uso do garfo, da faca e da colher. Vale, ainda, investir em talheres infantis, que são menores, coloridos e até com os cabos desenhados. “O ideal é que ela se familiarize com o ato de se alimentar e com o uso dos utensílios, o que faz parte do desenvolvimento saudável”, comenta.
A especialista sugere também que os pais se alimentem no mesmo momento, para estimular a forma adequada, já que as crianças estão sempre observando e imitando seus atos. E mais: é importante que o local das refeições seja tranquilo e sem estímulos externos, para que ela fique focada e saiba o que está fazendo. “E isso significa: nada de ligar a TV”, aconselha.
Com relação à leitura de histórias, isso deve ser feito antes da refeição. “No momento em que ela se sentar à mesa, não é recomendado ler, pois pode se distrair, deixar de comer e até mesmo perder a sensação de saciedade, já que não está atenta àquilo que está ingerindo”, alerta Viviane Guerra.
Ao adotar essas atitudes, aos poucos, eliminam-se antigos hábitos, cria-se uma nova rotina alimentar e a criança aprende a comer sozinha.