Tudo sobre o bacalhau: como o alimento mais consumido na Páscoa age no cérebro?

Uma Naidoo e Drew Ramsey explicam o olhar da psiquiatria para os benefícios desse peixe

27 mar 2024 - 17h45
(atualizado às 17h48)
Bacalhau
Bacalhau
Foto: Divulgação / Perfil Brasil

O bacalhau é um prato tradicionalmente apreciado nas ceias de Natal no Brasil e também na Páscoa, podendo ser preparado de diversas formas, como assado ou gratinado, e acompanhado por uma variedade de outros alimentos. Mas além de nutritivo, o peixe também influencia no nosso cérebro e saúde mental.

Uma Naidoo, psiquiatra de Harvard e diretora de psiquiatria nutricional e de estilo de vida do Massachusetts General Hospital, explica em entrevista ao jornal O Globo, que a conexão entre o estômago e o cérebro é forte e começa no útero. 

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Uma das principais maneiras pelas quais o cérebro e o intestino permanecem conectados é através do nervo vago, um sistema de mensagens químicas bidirecional que explica por que o estresse pode desencadear sentimentos de ansiedade em sua mente e borboletas em seu estômago.

Quando o assunto é sobre os melhores alimentos para manter a saúde do cérebro, Drew Ramsey, psiquiatra e professor da Universidade Columbia, em Nova York define um mantra simples: "Frutos do mar, verduras, nozes e feijão - e um pouco de chocolate amargo".

Também em entrevista ao jornal, ele aponta que grande parte da ciência sobre os possíveis benefícios cerebrais dos alimentos ainda está em seus estágios iniciais. Mas comê-los não resultará em mudanças de humor da noite para o dia.

Ainda assim, para o psiquiatra, incorporar vários desses alimentos em suas refeições melhorará a qualidade geral da dieta diária e poderá causar uma diferença em como uma pessoa se sente.

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Frutos do mar como bacalhau, sardinhas, ostras, mexilhões e salmão selvagem são fontes de ácidos graxos ômega-3 de cadeia longa, essenciais para a saúde do cérebro. Os frutos do mar também são uma boa fonte de vitamina B12, selênio, ferro, zinco e proteínas. 

Ramsey indica que peixe, sementes de chia, sementes de linhaça e vegetais do mar também são boas fontes de ômega-3. Para aqueles com orçamento limitado, o salmão enlatado é uma opção mais acessível, afirma o professor.

Saúde mental 

Cerca de 20% de tudo o que comemos vai para o cérebro, disse Drew Ramsey. Neurotransmissores e receptores críticos são produzidos quando você come nutrientes e aminoácidos específicos, explicou. 

Suas células gliais, por exemplo, que compõem uma porção substancial do cérebro, são dependentes de gorduras ômega-3. Minerais, incluindo zinco, selênio e magnésio, fornecem a base para a atividade celular e o tecido cerebral e a síntese de neurotransmissores que afetam diretamente o humor. Ferro, folato e vitamina B12 ajudam seu corpo a produzir serotonina.

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"Nossos cérebros evoluíram para comer quase qualquer coisa para sobreviver, mas cada vez mais sabemos que há uma maneira de alimentá-lo para melhorar a saúde mental geral. Sabemos que se você come um monte de lixo, você se sente um lixo, mas a ideia de que isso se estende a um risco para a saúde mental é uma conexão que não fizemos na psiquiatria até recentemente", aponta Ramsey, autor do livro "Eat to beat depression and anxiety" (em português, "Coma para combater a depressão e a ansiedade").

*texto sob supervisão de Tomaz Belluomini

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