Uma perícia realizada pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP) do Rio Grande de Sul em amostras de molho de tomate da marca Fugini detectou a presença de fungos e ovos de parasita no produto. Os molhos foram recolhidos para análise em Viamão, Região Metropolitana de Porto Alegre. O caso é apurado por meio de inquérito instaurado pela Polícia Civil.
Por meio de nota, a Fugini informa que não teve acesso a qualquer laudo relacionado ao procedimento noticiado. Afirma também que mesmo com um índice de ocorrências extremamente baixo do total produzido e comercializado, o transporte e/ou o manuseio incorretos das embalagens pode danificá-las de forma imperceptível a olho nu - com o surgimento de micro-furos -, o que eventualmente pode fazer com que o produto entre em contato com micro-organismos potencialmente causadores de bolor. (Veja posicionamento na íntegra mais abaixo).
A delegada da 1ª Delegacia da Polícia de Viamão, Jeiselaure De Souza, que é responsável pela investigação do caso, explicou ao Terra que recebeu nesta quarta-feira, 17, os laudos periciais referente ao exame histopatológico das amostras de molho de tomate que foram encaminhadas ao Instituto-Geral de Perícias.
De acordo com a autoridade policial, as investigações foram iniciadas após consumidores da Região Metropolitana de Porto Alegre relatarem terem encontrado corpos estranhos no produto.
À perícia, foram enviados três amostras distintas do molho da marca, com lotes e apresentações diferentes, e também adquiridos em mercados e bairros diferentes, conforme destaca a Polícia Civil. Em todos os molhos, no entanto, houve a detecção da presença de fungos e ovos de parasitas.
"O resultado comprova que esses esses molhos estavam efetivamente contaminados por fungos e ovos de parasitas. E a resposta do IGP sobre o produto ser considerado próprio para o consumo humano é justamente que os alimentos contaminados por fungos não são adequados, porque podem estar associados a bactérias, produzir toxinas que são prejudiciais a saúde dos humanos e desencadear, inclusive, ou piorar quadros alérgicos. E também os parasitas podem causar diversos tipos de infestação nos humanos", disse a delegada.
Segundo a autoridade policial, já foram intimados os responsáveis pela empresa para interrogatório e, possivelmente, nas próximas semanas será concluído o inquérito do caso.
"Outra pergunta que tem sido feita de forma reiterada é sobre os tipos de fungos que foram encontrados [no molho]. Para que essa informação fosse obtida, seria necessária uma cultura microbiológica, e o IGP não tem à disposição esse serviço. Mas, isso não interfere na investigação. E também analisando já o contexto do inquérito e os dados que foram trazidos nos três laudos que já temos, há elementos suficientes para o desfecho da investigação. Ao apontar a presença desses fungos, desses fragmentos de parasitas, já temos elementos de que há um problema com esses produtos", destacou Jeiselaure.
No fim de março, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a fabricação, comercialização, distribuição e uso de alimentos da marca Fugini. A medida foi tomada após inspeção na fábrica localizada em Monte Alto, no interior de São Paulo. Na ocasião, a Anvisa afirmou que, durante a inspeção, foram identificadas falhas graves relacionadas à higiene, controle de qualidade e segurança das matérias-primas, controle de pragas, e rastreabilidade. Porém, a decisão foi suspensa em abril.
O que diz a Fugini
Confira abaixo o posicionamento na íntegra da Fugini:
"A respeito de informações veiculadas recentemente na imprensa e nas redes sociais, a Fugini Alimentos, empresa referência no setor, com 27 anos de atuação no mercado, esclarece que:
1. No âmbito de sua política de sustentabilidade, saudabilidade e rótulos limpos (clean label), a marca deixou de usar conservantes artificiais como, por exemplo, o sorbato de potássio, e reduziu o uso de alguns ingredientes naturais, como açúcar, sal e gordura, que estão sendo eliminados ou restringidos em seus produtos.
2. Essa transição para produtos mais naturais, associada à falta de conhecimento técnico da população sobre o assunto, têm provocado rumores infundados entre consumidores e a opinião pública.
3. O processo de produção, enchimento e fechamento da embalagem sachê é totalmente automatizado. Mesmo com um índice de ocorrências extremamente baixo (0,000003% ou 3 casos por milhão) do total produzido e comercializado, o transporte e/ou o manuseio incorretos das embalagens pode danificá-las de forma imperceptível a olho nu (com o surgimento de micro-furos), o que eventualmente pode fazer com que o produto entre em contato com micro-organismos potencialmente causadores de bolor.
4. Isso não significa, de forma alguma, que o produto tenha um problema de qualidade, mas sim que ele está passando por um processo de oxidação ou decomposição natural, assim como pode acontecer com as frutas, o ovo ou o pão, por exemplo. Esse fato também pode ocorrer pelo armazenamento por período incorreto na geladeira (após a abertura da embalagem, o consumo deve ser realizado em até um dia).
5. Em relação às informações que vêm sendo veiculadas pela imprensa desde o dia 17 de maio, que fazem referência a uma perícia do Instituto-Geral de Perícias (IGP) em um de seus produtos, a Fugini informa que não teve acesso a qualquer laudo relacionado ao procedimento noticiado.
Por fim, a Fugini reforça que seus canais de atendimento estão sempre abertos para esclarecer quaisquer dúvidas. Nosso SAC (0800 702 4337 ou sac@fugini.com.br) está disponível, de segunda a sexta-feira das 08h00 às 17h00.
A Fugini usufrui do conhecimento adquirido ao longo da história, ao mesmo tempo que é incansável na busca por inovação. Estamos certos de que a tecnologia de ponta (pasteurização, automatização e gestão de qualidade) utilizada nos processos de fabricação e envase garante a saudabilidade e qualidade de todos os nossos produtos.
Seguiremos trabalhando de forma contínua para manter a sociedade informada sobre os pilares fundamentais que sustentam a idoneidade e o compromisso da marca com seus milhões de consumidores."