Café solúvel, sim! Especialistas aprovaram a solução. Com uma condição: que fosse arábica liofilizado. Quem tinha cantado a bola, tempinhos atrás, foi Isabela Raposeiras, a barista mais renomada e premiada do país: "Trabalho há 24 anos com café e não tenho mais paciência de viajar com café em grãos e um monte de parafernália para tomar um café decente quando acordo. Levo café instantâneo mesmo".
Colegas, coffee geeks (os nerds do café) e amigos ficaram ressabiados. E Paladar também. Mas formou, junto à própria Isabela, uma equipe de experts para testar às cegas e de acordo com as instruções de preparo das embalagens, meia dúzia de marcas encontradas nas prateleiras de supermercados.
O que é café arábica?
Diferente do grão de café robusta, o mais popular, de sabor mais intenso e áspero, o arábica foi descoberto nas florestas de altitude da Etiópia e hoje é o mais plantado mundo afora. Tem um pouco menos de cafeína, mas é mais aromático e adocicado na boca.
O que é café liofilizado?
Liofilizar, grosso modo, é a remoção da água para melhor preservar materiais perecíveis. Não à toa, é o processo básico para a comida de astronauta. No caso do café, a liofilização funciona congelando o ingrediente a temperaturas de até -50° C, o que provoca a granulação. Os cristaizinhos formados conseguem reter sabor, aroma e nutrientes, normalmente numa concentração muito maior do que o café moído comum.
Café liofilizado é solúvel?
Sim! E instantâneo também, portanto, a solução mais rápida para preparar um cafezinho. Antigamente, café solúvel era feito com a variedade robusta por pulverização sob vácuo e, bem, o sabor deixava a desejar. Hoje, já rola um arábica de boa origem e qualidade produzido de outra forma - a liofilização.
O teste
Posto isso, a proprietária do Coffee Lab, o produtor Mariano Martins (da Martins Café), o chef e especialista em cafés Raphael Despirite (do Fechado Para Jantar e da Suflex) e o barista e músico Tiago de Mello (da Cafeteria Pato Rei) se renderam ao desafio. Buscaram corpo, persistência, intensidade, notas olfativas e gustativas. Provaram, reprovaram (literalmente) e elegeram as melhores marcas para o preparo a jato de um cafezinho.
Dentre as conclusões unânimes, os jurados destacam que a diluição indicada pelos produtores é excessivamente concentrada (vale colocar água a gosto!) e que as duas marcas campeãs fazem mais bonito do que a maioria dos cafés moídos disponíveis no varejo.
As melhores marcas de café solúvel
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Native
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Juan Valdez
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Três Corações Portinari
Na avaliação dos jurados, as 6 marcas em ordem alfabética:
Iguaçu
Com 100% de grãos arábicas, é chamado de Gourmet pelo fabricante. Jurados identificaram a sensação de um coado comum, mas com uma adstringência elevada (R$ 23,98, 100 g)
Juan Valdez
O arábica liofilizado da Colômbia foi o mais encorpado, com dulçor agradável e notas de malte que poderiam lembrar um uísque (R$ 59, 84 g)
L’Or
Embora a embalagem identifique a origem (as montanhas capixabas) e sujira notas de caramelo e especiarias, amargor e desequilíbrio foram constatados pelos experts (R$ 21,90, 84 g)
Native
Orgânico e 100% arábica, o preferido do júri teve “melhor balanço”. Destacou-se pelo dulçor “melado”, pelo corpo médio-alto e pelo retrogosto agradável (R$ 20,40, 50 g)
Nescafé
Apesar da aparência de cristais e da indicação 100% café, ele é uma pegadinha: os grãos não são liofilizados. Ainda assim pode ficar bom no leite e em sobremesas (R$ 16,98, 100 g)
Três Corações Portinari
Os avaliadores chegaram a cogitar o uso de robusta, mas trata-se de um 100% arábica de alta intensidade e leve doçura (R$ 22,98, 100 g)