Não é segredo para ninguém que atualmente muitas pessoas buscam por refeições rápidas por conta da rotina corrida. O fast-food é uma saída para quem quer comida gostosa, barata e prática, porém, com o aumento do consumo desse tipo de alimento, também cresceu o número de casos de obesidade e doenças crônicas como diabetes e hipertensão.
Nutricionistas, médicos e pesquisadores já falaram muito sobre os malefícios desses ultraprocessados, que geralmente também são muito gordurosos e nada saudáveis. Porém, agora, um estudo publicado na revista Clinical Gastroenterology and Hepatology associa esses produtos a um problema ainda mais grave, a cirrose hepática.
O que é cirrose?
A cirrose é caracterizada por ser uma lesão crônica no fígado, em que nódulos e cicatrizes bloqueiam a circulação sanguínea. O abuso de álcool é uma das situações que mais causam esse tipo de doença.
Apesar de ser comumente associada ao álcool, outros fatores podem fazer com que a cirrose se desencadeie e, na verdade, o acúmulo de gordura no fígado não associado a bebidas alcoólicas já é o principal responsável pela condição, segundo a pesquisa.
“Comidas práticas são cheias de gordura e açúcar, por isso aumentam o índice de diabetes, obesidade e, junto com isso, essa gordura no fígado, que é chamada esteatose hepática não alcoólica”, explica a nutricionista Ingrid Krichinak. “Ela não é causada pelo álcool e sim pela gordura no fígado causada pelo aumento de gordura na circulação sanguínea”.
No estudo, os pesquisadores descobriram que pessoas com obesidade ou diabetes que consomem 20% ou mais de suas calorias diárias em fast-food têm níveis extremamente elevados de gordura hepática.
Nas pessoas que não possuem essas condições mas consomem fast-food em mais de um quinto da sua dieta, o aumento também foi observado, porém em um nível mais moderado. Segundo a equipe de pesquisadores, fígados saudáveis contém cerca de 5% de gordura, porém, mesmo um aumento moderado pode fazer com que elas desenvolvam a doença hepática gordurosa não alcoólica
Então, os resultados mostram que mesmo que você consuma apenas uma refeição do seu dia em restaurantes fast-food, ainda assim você está colocando seu fígado em risco.
“O desenvolvimento dessa gordura no fígado acontece por conta de diabetes, obesidade, por conta de hábitos que não são saudáveis, excesso de gordura na alimentação, excesso de refinados e açúcar e também pela falta de exercício físico”, diz a nutricionista.
Ela afirma que muitas pessoas recorrem a esse tipo de comida por conta da rotina corrida, já que elas são muito práticas, ou porque esses alimentos se tornam uma válvula de escape para problemas do dia a dia.
Quais são os sintomas e o tratamento?
“A pessoa não vai ter sintomas de que está com esteatose hepática, essa doença é assintomática. Ela vai descobrir apenas quando fizer um check-up por ter alterações das enzimas hepáticas”, explica a nutricionista.
E como tratamento ela cita atividade física e controle da alimentação. “Reduzir a gordura, o açúcar e os refinados, sempre focando em consumir mais legumes, saladas, fibras e alimentos integrais vai ajudar muito esse paciente. O foco é sempre pensar na qualidade nutricional”, afirma.
Também indica terapia comportamental para que as pessoas entendam a sua relação com a comida e consigam aderir de fato à dieta e ao novo estilo de vida mais saudável. Procurar sentir prazer no processo de cuidar da sua alimentação e preparar suas próprias refeições mais saudáveis são atitudes que também podem ajudar no processo.