Meditação e mentalização, qual é a diferença? Para que elas servem? Como utilizá-las ao nosso favor? Vamos entender o que significam essas duas palavras!
Meditação
Meditar vem do latim meditare, que é muito parecido com “medir”. A raiz das duas palavras é a mesma: medir, pesar, analisar. Se queremos organizar um quarto, por exemplo, precisamos medir o tamanho da cama, do guarda-roupa, sabermos o que vamos levar, o que vamos tirar e, assim, conseguimos colocar lá dentro só o que é mais harmônico, equilibrado. Aquilo que tem o tamanho errado, retiramos. Meditar, portanto, é uma análise em busca de um equilíbrio.
Lá na Índia, essa análise meditativa é chamada de dhyana. Ela é uma concentração profunda, que vai nos levando a um estado onde os pensamentos não importam. O que importa é estarmos vivos, estarmos presentes num estado de Atenção Plena, mindfulness. Através da meditação, vamos fazendo com que os pensamentos encadeados que pedem a nossa atenção o tempo todo não mais nos dominem.
Os nossos pensamentos são inevitáveis, nascem da mente como as faíscas nascem do fogo. E para que tenhamos um pouco de paz é necessário que esses pensamentos não se encadeiem como elos de uma corrente. Muitas vezes, como na enxurrada de uma tempestade, nós pensamos em uma coisa, depois pensamos em outra, e assim por diante, sendo arrastados.
Ao medir cada pensamento, impulso, sentimento e energia e, portanto, meditar, decidimos qual pensamento queremos, qual não queremos, o que vamos ou não fazer, o que vamos ou não sentir. Dessa forma, nos tornamos comandantes do nosso navio, mestres de nós mesmos! É isso que buscamos. Não queremos ser empurrados pelo mundo, jogados de um lado para o outro; queremos ser aqueles que guiam a própria existência e a vida.
Meditar é controlar o fluxo dos pensamentos. Uma vez controlados, percebemos que nós existimos até antes de pensar. Você, mesmo que não pense, continua existindo, porque além dos pensamentos, você tem as percepções, sensações. Um bebê, por exemplo, não pensa, mas ele percebe o carinho da mãe, a quentura do colo, a presença de pessoas ao redor, as cores, as energias, os amores, os sons. E é isso que queremos durante a meditação.
Ao meditarmos e medirmos, tiramos aquilo que nos escraviza, como pensamentos repetitivos. E nos colocamos em apenas medir: “Olha essa sensação, olha essa minha presença, olha a minha própria atenção”. Assim, vamos intensificando e prolongando o que é positivo e diminuindo o que é negativo.
O meditador quer lidar com tudo aquilo que é difícil: um luto, uma tristeza, um engano, uma ilusão, uma mentira, um arrependimento. Mas como tudo tem energia, ele vai brevemente lidar com aquilo que é pesado e difícil e longamente lidar com o que é positivo.
Por exemplo: em uma meditação, você pode durante vários minutos ficar meditando, medindo, sentindo a sua confiança, nascida de uma vontade de fazer o bem, nascida de coisas positivas que você já fez. Depois de estar pleno da sua confiança, você pode visitar algo que lhe dá medo. Você vai dentro de si meditar, ou seja, medir, entender e analisar uma tarefa desafiadora, mas brevemente. É como se você ficasse longamente nos lugares bonitos e passasse rapidamente para consertar e resolver aqueles lugares feios dentro de você.
Mentalização
Já mentalizar é diferente. Mentalizar é criar dentro da nossa mente alguma coisa. Se eu vou inventar uma viagem para mim, por exemplo, não preciso ir para vários lugares antes de decidir onde serão as minhas férias, eu apenas mentalizo, imagino. E ao analisar dentro da minha mente essa criação, eu já chego em conclusões que fazem com que eu não precise viver no mundo concreto as possibilidades mais negativas.
Mentalizar é, portanto, criar dentro da mente. E a beleza disso é que toda a criação nos primeiros instantes é apenas uma imaginação. Mas ao ser mentalizada, fazemos com que aquilo seja real na nossa mente, começamos a criar aquilo como energia.
Se mentalizarmos que somos alguém amado e abençoado, nos primeiros dois minutos talvez seja só uma imaginação, talvez até sentimos medo de não sermos amados. No entanto, depois isso começa a se tornar real na energia. Se mentalizarmos que somos fracos, por outro lado, em alguns minutos a energia começa a ser de pessoas fracas. Se mentalizarmos todos os dias, que apesar dos nossos erros e tropeços, somos alguém do bem, a energia virá e seremos alguém que fará o bem.
Meditar é controlar o fluxo de todas essas energias, mas mentalizar é criar dentro da mente. Criar primeiro só uma ideia, mas que ao ser constantemente trabalhada, começa a vibrar e a energia passa a ser criada. Aquilo que você imagina é passageiro, aquilo que você imagina durante vários momentos e você mentaliza com toda a intensidade se torna real como energia, para depois se tornar real no mundo a ser criado por você.