Ser gentil é um ato muito importante não só para a boa convivência, mas também para o nosso próprio bem-estar. Segundo um estudo realizado por pesquisadores em psicologia da Universidade de Chicago e da Northwestern University, em 2018, gestos de gentileza aumentam a sensação de felicidade.
O experimento contou com a participação de 96 estudantes universitários que receberam US$ 5 por dia, durante 5 dias. O dinheiro deveria ser gasto exatamente na mesma coisa toda a vez. Assim, os pesquisadores sortearam e definiram o que cada aluno deveria fazer com o valor: uns poderiam gastar para si, outros deveriam contribuir de alguma forma com outras pessoas.
Ao relatarem suas experiências, os que compravam algo para si, estavam contentes no início, mas isso foi se perdendo ao passar dos dias. Por outro lado, aqueles que doaram persistiram na felicidade.
Portanto, além de fazer o bem para o outro, a gentileza também pode retornar para nós mesmos de forma positiva. Por isso, a especialista em Inteligência Emocional e Medicina do Estilo de Vida, Camila Capel, faz um alerta quanto à falta de gentileza no dia a dia.
"De uns tempos para cá, a gentileza parece que vem perdendo o destaque dentre as qualidades humanas. As pessoas até acham beleza na gentileza, mas vejo pouco esforço para fazer dela a protagonista de suas vidas".
A especialista explica que embora aprendemos a importância da gentileza na infância, passamos a associar essa atitude com um certo constrangimento quando crescemos, como se para praticá-la, tivéssemos que "abrir a porta do carro ou carregar coisas pesadas para uma mulher". No entanto, segundo ela, a gentileza que devemos cultivar deve ser genuína, ou seja, de uma vontade natural em ajudar as pessoas.
"A empatia é o primeiro passo para a ação gentil. Somente quando somos capazes de perceber algo para além de nós mesmos é que podemos fazer algum gesto em benefício de outro", complementa Camila.
A gentileza na infância
Um outro aspecto observado pela especialista tem relação com a educação das crianças no início da vida. Nessa fase, elas podem ser ensinadas a perceber o outro a partir da sua própria percepção do que é bom ou ruim.
"A partir da alimentação, sono, toque, livre brincar, sentido do movimento e equilíbrio, os pequenos passam a conhecer pequenas diferenças como sensação de saciedade e fome, por exemplo. Esse é o início, ainda rudimentar, do que é autopercepção, base para autoestima e autocuidado. Somente ao sentir-se bem em si, podemos nos vincular aos sentimentos de outra pessoa".
A partir daí, a criança começa a entender, por exemplo, o que é o sentimento de insatisfação. Isto a permitirá transitar pela vida adulta de forma confiante e sendo capaz de se perceber quando estiver em desequilíbrio.
"Ter consciência sobre seu estado interior, permite ao indivíduo antecipar-se e, antes de perder o controle, buscar maneiras de se equilibrar. Sendo assim, a infância se torna terreno fértil para ensinarmos à criança sobre ser boa, primeiramente, consigo mesma. Essa é base para a futura empatia, que é quando ela se sente tão harmoniosa em si que consegue incluir outras pessoas em sua vida", ressalta Camila.
Fonte: Camila Capel, especialista em Inteligência Emocional e Medicina do Estilo de Vida.