Ela entra graciosa na loja mais fina do mercado. Aponta na vitrine a joia mais preciosa, o colar mais bonito. O vendedor, mostrando a peça, pergunta: “quantos anos você tem?”. A menina responde: “nove”. Segue o diálogo: “e quer um colar como esse?”. Ela explica: “oh, não, é presente para a minha mãe que, mesmo depois da morte do papai, cuida tão bem de mim e dos meus irmãos”.
As mãozinhas seguram o tesouro e os olhos reluzem. Então, a menina afirma convicta: “gostei muito. O Senhor pode embrulhar bem bonito? Vou levar”. Raspa no fundo da bolsinha um punhado de moedas que espalha pelo balcão. “Puxa”, diz o joalheiro, “é exatamente isso que custa esse colar. Tome aqui um cartão, escreva uma mensagem bonita para a mamãe enquanto eu faço o pacotinho bem caprichado com laços e fitas”.
O dia segue agitado. Com a proximidade do entardecer, tudo refresca e serena. Preparando para fechar a loja, o joalheiro é surpreendido pela aparição da menina, puxada pela mão, agarrada forte por uma moça alta, a irmã mais velha.
Constrangida vem devolver o colar e pedir desculpas: “como minha irmã faz uma coisas dessas? Leva algo assim sem pagar”. O joalheiro interrompe: “você está enganada. Ela pagou totalmente. Recebi as moedas e uma bela injeção de ânimo no coração”.
“Como assim?”, pergunta a mais velha. “Simples”, explica o vendedor, “Há muitos anos as pessoas entram na minha loja e compram coisas caras. Ouro é mercadoria abundante por aqui, e ele custa um bocado. Mas, quando sua irmã entrou lembrei-me da minha esposa que, após longa doença, morreu há alguns meses”.
“Que pena”, exclamam as irmãs ao mesmo tempo. “Coisas do destino”, resigna-se o vendedor, levantando os ombros. “Agora, com licença, vou embrulhar outra vez o colar, pacotinho bem caprichado com laços e fitas. A mamãe há de ficar feliz. Eu também. Nessa venda lucrei bastante: a menina pagou com o que há de mais valioso, o Amor...”
Quer saber mais sobre o trabalho de Marina Gold ou entrar em contato com ela, clique aqui.