Ano-Novo de novo. Passa rápido, não? Lições? Condutas? Se tudo foi mesmo tão difícil nesse 2016, vamos, com coragem redobrada, para o próximo. Num contexto em que todo mundo persegue experiências de excepcionalidade – bem-aventuranças, delícias, prazeres, alegrias, gozos –, acho bastante necessário indicar que a vida é tecida de fios mais tênues, acontecimentos mais corriqueiros. Banalidade é a substância da vida. As coisas simples são sua verdade definitiva.
Acho que o estimado leitor não discorda se avalio que o ano que se despede esteve mergulhado, talvez um pouquinho além do próprio fôlego, numa busca por abundância, beleza, juventude, prazeres, lazeres. Cabe indagar: não seria bom dedicar mais atenção para valores mais elevados como paz e bondade?
O perigo que pode nos afogar é a possibilidade de estarmos descendo fundo demais numa ilusão de felicidade. Nossa aspiração (em grande medida realizada, observe) é por uma idade de ouro evocada supremamente nas coisas terrestres, dinheiro acima de tudo.
Temo que devíamos valorizar coisas mais verdadeiras, entender nossas condições e limites. O que se apresentaria? Uma enorme capacidade de adaptação e superação dos problemas, força para encarar os sofrimentos e encontrar alegria nas coisas mais comuns da vida. Enfim, aquela porção inalienável de humanidade que todos nós comungamos e que nos remete sempre para maiores e melhores dons, mistérios e destinos.
Assim enxergo essa dobrada de ano. Pobres de nós, queremos subir rápido o Olimpo – com nossas posses e objetos de consumo –, deixando a melhor parte esquecida, incapazes de observar as maravilhas ao redor, o mundo que nos rodeia em nossa escala humana.
Se o pessimismo é dado graciosamente por aí – com bastante frustração e depressão no pacote –, é tarefa obrigatória resistir, entender que mesmo a mais comum das vidas é positiva por excelência, obedece a lei divina e foi dada como recompensa. Nossa obrigação é celebrá-la, colocando em prática tudo que há de bom e vigoroso, desviando das armadilhas e emboscadas.
No ano que temos adiante, vamos repudiar tudo o que é mau. Abraçar as pequenas dádivas e – se necessário – resistir, como se espera dos seres humanos com sua luz e lucidez, às grandes calamidades.
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