As pessoas que estão presas a um modo de agir e pensar condicionado (e todos nós estamos de alguma maneira), não conseguem olhar para a vida como ela realmente é, estão, de alguma maneira, desconectadas do mundo real. Começam a ficar insensíveis a tudo à sua volta, perdem a capacidade de curtir as coisas boas que acontecem todos os dias para todos nós. Ou seja, essas pessoas só conseguem enxergar a vida, da maneira que, por elas foi organizada: em categorias, compartimentada.
O que precisamos é, antes de tudo, entender que somos condicionados e tendemos a repetir e repetir atitudes, pensamentos, comportamentos, sentimentos, da mesma forma que funciona o vício. Somos todos viciados em pensamentos, sentimentos, emoções e comportamentos e, se quisermos sentir a vida com mais intensidade e alegria, precisamos trabalhar ativamente na direção do descondicionamento.
Quando nos sentimos ameaçados ou quando algo escapa do nosso controle, recorremos a um padrão já estabelecido de resposta ao invés de buscar saídas diferentes. Enquanto continuarmos a responder de maneira condicionada, o resultado sempre será o mesmo. É preciso encontrar novas maneiras de agir e reagir diante do nosso sofrimento, desmotivação, desânimo, pessimismo, de relacionamentos desafiadores ou seja lá qual for a dificuldade que estamos enfrentando.
Ser emocionalmente ágil envolve estar de olhos abertos e sermos sensíveis ao contexto e reagir a ele, como ele, de fato, se apresenta.
É preciso sempre e sempre se perguntar: quem está no controle, o pensador ou o pensamento? Até que ponto estamos administrando nossas vidas de acordo com nosso valores e a tudo o que, de fato, é importante para nós?
Quando não vivemos de acordo com nossos valores, com nossas escolhas, com aquilo que queremos para nossas vidas, caímos em uma armadilha e nela ficamos enredados. Tenho falado nos ganchos em alguns textos, aquelas armadilhas que nos enredam inconscientemente — quando percebemos, já fomos pego. Os ganchos mais comuns são:
1. Nossos "achismos": "Achei que ele não falou comigo por algo que fiz e perdeu o interesse e me afastei". "Achei que ia começar a falar o que sempre critica em mim e saí da sala". "Achei que seria inadequado e julgado e não dei minha opinião". São muitos "achismos" que acabam por nos afastar da realidade e nos impedem de viver a vida com mais realidade e satisfação. Vamos lembrar que somos nós que causamos nosso comportamento.
2. Mentalidade de macaco: Esse é um termo da meditação, que descreve nosso tagarela interior, que salta de um tema para outro como um macaco salta de galho em galho. Imagine que você tem uma briga com quem ama e a pessoa vai embora sem solução. Você vai ficar o tempo todo preso em pensamentos, em conversas interiores e imaginárias com essa pessoa, até que você a encontre e possa de fato conversar. Esse diálogo interno, em que você prevê o que vai ser dito pelos dois, faz com que você comece a imaginar o pior, supor os piores cenários, constrói um drama imaginário que impede você de perceber que a vida continua passando ao seu lado, muitas coisas boas acontecem e você nem percebe. Mas você não consegue enxergar nada, pois está enredada, enganchada no seu padrão. Dessa forma, você não dá espaço para seu cérebro encontrar espaços para criar soluções inteligentes e criativas para a solução dos problemas. A mente de macaco, fica presa, obcecada pela pressão que já conhece.
3. Ideias velhas e ultrapassadas: É preciso avaliar com profundidade as ideias ultrapassadas que criamos a respeito de situações que, na maioria das vezes, têm origem na infância. Nossas inseguranças, medos, desesperos infantis, estão tão arraigados que, na maioria das vezes, respondemos às situações da vida instintivamente, baseados nas respostas infantis que construímos há muito tempo atrás.
4. Retidão equivocada: Esse é aquele gancho que faz com que a gente queira mostrar sempre que temos razão, que a gente saiba o que é justo ou não, que a palavra final deve dar a vitória para si mesmo. Por exemplo: você briga com seu amor, discute, perde o controle. Depois de um tempo e de alguma conversa, chegam a um consenso. E quando estão bem, conversando e namorando normalmente, acontece alguma coisa que faz com que você volte ao assunto para mostrar que estava certa(o). Pronto, começa tudo de novo. Que tal aprender a deixar para lá e retomar o equilíbrio de sua mente e emoção, trabalhar em si mesmo com mais agilidade emocional?
Ter agilidade emocional requer consciência de suas emoções, de seu modus operandi e aceitá-las. E, além disso, você deve encontrar maneiras de ir além das reações cognitivas e emocionais condicionadas ou pré-programadas, que são os ganchos que nos enredam. Estar consciente, possibilita encontrar os caminhos para as mudanças necessárias.
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