Dia Nacional da Umbanda: entenda mais sobre a religião

A umbanda celebra 113 anos de história, luta, estudos, práticas mediúnicas no caminho da evolução

15 nov 2021 - 09h09
(atualizado em 2/12/2021 às 13h09)
A umbanda celebra 113 anos de história, luta, estudos, práticas mediúnicas no caminho da evolução - Shutterstock.
A umbanda celebra 113 anos de história, luta, estudos, práticas mediúnicas no caminho da evolução - Shutterstock.
Foto: João Bidu

O Dia Nacional da Umbanda é celebrado no dia 15 de novembro e é uma oportunidade tanto para umbandistas comemorarem a data quanto para pessoas de outras crenças entenderem mais sobre essa manifestação religiosa brasileira. Saiba, a seguir, como surgiu e quais são os princípios da Umbanda.

A Umbanda surgiu no ano de 1908, no dia 15 de novembro, através de um médium chamado Zélio Fernandino Moraes, com a orientação do espírito que se identificava como Caboclo das Sete Encruzilhadas, em Niterói no estado do Rio de Janeiro.

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Pode-se dizer que a Umbanda é uma doutrina espiritualista que, assim como o Espiritismo, acredita na sobrevivência do Espírito e na comunicação com o plano espiritual.

Além disso, a formação da Umbanda tem influências da cultura religiosa brasileira como o Catolicismo, o Espiritismo, rituais indígenas e seitas afro-brasileiras, com destaque para o Candomblé.

Seu fundador, Zélio Fernandino Moraes, organizou uma doutrina com conceitos próprios, diferenciando a nova religião do Candomblé e das outras seitas com inspiração afro existentes na época.

Na umbanda há a presença de guias espirituais, entidades como caboclos, pombagiras e exus. E nos cultos, as canções são entoadas em português, sempre acompanhadas pelos atabaques. O ambiente da Umbanda é, geralmente, defumado, e há músicos homens e mulheres.

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As divisões de religiões afrodescendentes

Até a década de 40, as religiões que se declaravam com descendência africana ou que mantinham alguma semelhança com estas seitas eram perseguidas pela polícia, tinham seus centros e terreiros fechados e seus responsáveis presos.

A situação somente melhorou um pouco em 1945, através da persuasão e luta do dirigente de uma das sete casas de umbanda existentes na época (todas elas fundadas com a orientação do Caboclo das Sete Encruzilhadas): o médium José Álvares Pessoa. Ele obteve, junto ao Congresso Nacional, a legalização dos cultos umbandistas.

Com a perseguição da polícia aos cultos afros, os grupos religiosos que não seguiam as regras do fundador da Doutrina Umbandista passaram, então, a se intitularem como membros legítimos da religião, objetivando fugir do cerco montado pela polícia.

Nesta época, a religião sofreu baixas e mudanças substanciais, fatos que alteraram sua essência e colaboraram para a divisão de pensamento e interpretação dos conceitos da Umbanda.

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Mesa branca

A Umbanda teve e tem seus momentos de perseguição e segregação, mas conseguiu vencer alguns destes obstáculos, embora ainda haja muito preconceito e até violência contra terreiros de Umbanda.

Contudo, há algumas décadas, umbandistas viram um caminho para desviar de preconceitos. Como o Espiritismo foi, de certa forma, aceito na sociedade católica, antes mesmo da Umbanda, ele serviu como uma rota de fuga para que grupos umbandistas não fossem tão marginalizados.

Na prática, a história se repetiu. Como a Umbanda serviu de apoio para os grupos afros no passado, os umbandistas, para se desviarem de perseguições e preconceitos, passaram a se intitularem espíritas. Este pode ser um dos motivos de algumas pessoas confundirem adeptos da doutrina espírita com quem é umbandista e até candomblecista.

Resistência do povo africano

Neste Dia Internacional da Umbanda, também é importante relembrarmos sobre a luta do povo que inspirou essa manifestação religiosa. O povo africano chegou em terras tupiniquins sem quaisquer direitos ou condições minimamente humanas. Perdeu a liberdade, mas não sua cultura. E se em suas terras de origem a diversidade já era imensa, imagine desembarcar em uma realidade totalmente diferente. Assim, a dança, o canto, o falar, o vestir e o produzir transladados para o lado de cá do Oceano Atlântico precisaram se adaptar ou se fundir com novos hábitos.

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Reprimidos, os escravos não puderam manter suas práticas religiosas isoladas. Cada tribo possuía uma forma peculiar de Deus, cultos, rituais e símbolos. Desse modo, se a imposição do catolicismo tentou extinguir as crenças, a saída foi fazer o sincretismo dos Orixás com a roupagem de santos, cujo resultado foi a gênese de religiões como o Candomblé e a Umbanda.

Tal sincretismo desempenhado pelas duas vertentes, tanto a Umbanda quanto o Candomblé, possui muitos adeptos no Brasil, sem contar outras variações que ainda agregaram ritos indígenas e outras práticas mágicas europeias. Todavia, no imaginário social, o politeísmo africano ainda é visto de maneira superficial.

Postulados da Umbanda

De acordo com a Federação Brasileira de Umbanda, há alguns princípios da religião. Entre eles, estão a existência de um princípio criador - o Deus, o Onipotente e Irrepresentável, assim como a existência de entidades espirituais, mensageiros das vibrações dos Orixás, ainda em evolução, buscando o aperfeiçoamento. Além disso, os umbandistas crêem na reencarnação, na Lei do Carma e praticam a mediunidade em suas diversas manifestações, assim como o amor, manifestado como caridade, na palavra e na ação.

Por fim, a Umbanda também tem como crença que o homem vive em um campo vibratório, sendo ele esse próprio campo que seu livre arbítrio comanda, dentro do princípio da natureza trina: espírito, alma e corpo. 

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