Meu filho mais velho chega aos cinquenta anos. Meio século esta noite. Foi rápido. Nesses dias que antecediam a comemoração, ele veio com uma máxima do filósofo romano Sêneca: “Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a”.
Conversando, disse não concordar que deveria ser bordão correto para ele. Indagou o porquê. Prometi que responderia por escrito. Velha estratégia nossa quando queremos maior clareza de organização das ideias e pensamentos.
Segue a resposta que, explico, vale para ele e pode também ser estendida para tantas e tantas outras pessoas da chamada “meia idade”, um monte de gente que habita as cercanias do “meio do caminho de nossa vida” (como referia Dante).
Ouça o podcast Terra Horóscopo:
Então, filho, você aponta Sêneca, falando em aceitar a velhice, mas vejo que segue aproveitando muito a vida, como se os 50 fossem os novos 40. Vejo você explorando o mundo, curioso, envolvido com atividades que trazem prazer, coisas que te interessam de maneiras incríveis e poderosas.
Vejo você cultivando novas experiências. Mantendo ativo e em movimento o seu corpo e seu espírito. Mente aberta, disposto a valorizar toda oportunidade agradável e construtiva que renovar o aprender e o viver.
Vejo você planejando uma quantidade estimulante de coisas, de passeios, de viagens, de aventuras. Fugindo do convencional, deixando o comum para lá, desafiando seu cérebro de forma constante.
Vejo você envolvido e participando das coisas que curte. Um cotidiano construtivo, marcado por iniciativas e engajamentos. Noto a sabedoria e experiência acumuladas nesse meio século de vida desempenhando papel virtuoso, abrindo capacidades de envolvimento sob perspectivas produtivas e positivas.
Vejo você mais forte, entendendo melhor suas vitórias e derrotas, suas alegrias e tristezas, suas esperanças e medos. Agora percebo que você desfruta mais de seus gostos, importa-se mais com seu bem-estar, interage mais abertamente com as pessoas – conhecidas ou desconhecidas.
O tempo não te condenou, ele lapidou. Já que a velhice ainda não chegou para você, deixa a lição do Sêneca para depois (ou para mim!). Fica com a do Paulinho da Viola (cantando os “50 anos” de Cristovão Bastos e Aldir Blanc): “Acolho o futuro de braços abertos / Citando Cartola: /– Eu fiz o que pude / Aos cinquenta anos / Insisto na juventude”.
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