Há uma certa agonia em se olhar para o futuro. Dá um frio na barriga. É aquele temor que o poeta sente de encarar a folha em branco. Nós homens temos medo do que está aberto, livre para criação. Mas, apesar do nosso espanto, a roda da existência gira e a inspiração pode aparecer num simples olhar, num vento que passa, numa onda que se espalha – renovando escolhas, reiluminando a vida.
Portanto, a sabedoria ensina não temer o vazio, condição inicial de tudo o que será, base para que virá. Por isso o amanhã, com mistérios e indagações, não deve ser considerado um inimigo e sim uma musa afável, inspiradora, dinamizando no hoje o que importa para o depois.
As experiências já vividas perdem sua capacidade sufocante quando entendemos que o fluir do rio é contínuo e irreversível. Ventos passados não moverão nem um tiquinho a mais leve das penas, menos ainda a pesada pá de qualquer moinho. Não se deve escrever sobre velhas linhas, o traçado de sequência da vida precisa ir além.
Assim, o importante é aprumar com esperança, olhar adiante, cabeça erguida seguir caminho. Lamentação, sofrimento, tormento, dor, amargura, são frios de um inverno que termina quando renovamos nossa capacidade de superação, nossa disposição de avançar e construir nova realidade.
A vida depende disso para acontecer. Nossa disposição deve ser essa: vencer onde se perdeu, superar onde se errou. O maior equívoco é se apegar ao que passou e deixar passar tudo que há para viver.
Sei, de muita experiência acumulada, como a ideia de separação pode produzir desespero. Trata-se de mecanismo de defesa, acionado como reação. Com facilidade nos apegamos às situações que estamos vivendo, mesmo que sejam desagradáveis ou dolorosas. O problema é esse: não encontrar forças para renovar, temer o que poderá se desdobrar, entregar os pontos e abandonar a busca da bem-aventurança.
O amadurecimento espiritual, em circunstâncias assim, é fundamental para apoiar o indivíduo a ousar buscar aquilo que merece realmente, a vencer os medos e defender seu ego. Não é simples frase feita a afirmação de que, muitas vezes, para viver precisamos abandonar certas posturas, deixar para trás enganos e erros. O problema começa quando não encontramos energia para fazê-lo.
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