A lágrima caiu como aquele pontinho embaixo do ponto de interrogação. A pergunta que ela enfatizava era: “por que, Marina?” As amigas de bairro, escola e trabalho seguiam em frente, tranquilas, atravessavam a vida com folga, colhendo farta forragem, entre diversões e recompensas. Para ela, tudo bem diferente. Vinha escasso, contado, cobrando, após árdua labuta, escolhas, opções, sofrimentos.
Tudo ao redor se movia leve como a bailarina: deslizava, rodopiava excitantemente. Ela, ao contrário, empenhava enorme esforço para avançar um único e simples passinho. Cada metro era suado, como me disse: “Parece que carrego um fardo enorme, uma bigorna de cem quilos”. Acabou cansada, machucada. Queria explicações, entender, buscava uma justificativa plausível.
Respirei fundo, acolhi com toda fé no meu coração esotérico a demanda e iniciei meu trabalho. Era assunto com o qual já me deparara algumas vezes, entendia bem. Não era a primeira vez que encontrava a mesma queixa, o mesmo desalento, o mesmo amargor. Tratava-se, como das outras vezes em que defrontei a questão, de fazer com que ela entendesse sua identidade espiritual, quem era e qual sua missão.
Na minha frente, de olhos úmidos, entristecida, ela indicava estar difícil aceitar o que se passava. Chateada como estava ela revelava poucos indícios de dominar seu perfil espiritual. Segui tateando, avançando gradualmente, até desaguar na resposta definitiva. Ela era uma verdadeira fortaleza, uma potência de bondade e elevação.
Seus vinte e poucos anos distribuídos meigamente em graciosos um metro e sessenta escondiam um ser espiritual gigantesco e muito maduro, espírito desenvolvido ao longo de largo período de tempo. Ela estava atrelada a um desafiador compromisso de espalhar, pelo exemplo, a justiça, de funcionar como contrapartida e equilibrar inúmeras coisas ruins e pesadas que a rodeavam.
Noventa por cento do meu desafio era desenhar para ela esse quadro, indicar as experiências de vidas anteriores, fazer com que ela pudesse visualizar como o carma ziguezagueava e exigia sempre a mais firme das posturas, a mais honesta, a mais dura também. O restante da tarefa, os outros dez por cento, era localizar capacidades ainda ocultas para ela e que, se utilizadas, fariam bem e a fortaleceriam.
Daquele nosso encontro sei que ela levou um entendimento profundo de sua identidade esotérica e uma preparação apurada para olhar de frente diversos aspectos complicados da vida. Alguns dias depois ela telefonou para contar que sentia que estava iniciando nova fase, que as coisas estavam andando mais apropriadamente. Ela também queria me agradecer. Agradecer? Ora, não precisava. Eu quem agradecia. Agradecia a benção de me aproximar e travar contato com tamanha bondade – agora melhor ainda, porque reforçada por maior autossuficiência.
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