Na coluna anterior mostrava o primeiro passo para a superação de uma desilusão amorosa. Tratava de se olhar e rumar pra adiante. Entender e superar. Todos os recursos esgotados, todas as conversas inúteis, todas as tentativas frustradas? Nada funciona? O que fazer? É necessário ser impulsionado de volta para a vida normal.
Entramos na segunda etapa, que chamo de “Colando os cacos”.
Saindo da experiência do ovo (primeira etapa), da expulsão cruel da casca, começa a segunda fase, a de fortalecimento e, mesmo com a dor bastante presente, a mágoa, a raiva, a sensação de injustiça, você precisa juntar os cacos. Já que nada mais resta, é hora de vivenciar a segunda etapa, refazer a taça de cristal que caiu e estilhaçou.
Longe de ser um quebra-cabeça prazeroso, juntar os pedacinhos de cristal em que a vida se transformou – mesmo bastante fragilizado, tanto como ser amado e também como ser humano –, você é obrigado a se encaminhar: voltar ao convívio dos amigos que se mantiveram próximos, frequentar os lugares, ir à festa, ao cinema, à academia, e colocar a atenção no trabalho e coisas usuais, ou seja, reorganizar o cotidiano com aquela pessoa a menos e o espaço deixado vago.
Agora os desafios aumentam, porque a zona de perigo, referente à perda, vai se estendendo cada vez mais. O ex ser amado também pode ter se libertado e se apresentar, bem ali, à sua vista, no dobrar de uma esquina, numa coincidência qualquer, acompanhado de uma pessoa diferente, olhada com a mesma ternura antes dirigida a você, tendo a mão segurada como antes era a sua.
Juntar os cacos requer sangue frio e a objetividade seca de um convencional “como vai?” Consiga isso e se console, porque ainda te sobrará a dignidade. A raiva não é positiva. Enganosa, pode parecer que ajuda, mas não auxilia em nada quando se trata de repelir a causa do sofrimento.
Nesse período dos cacos, ao contrário do anterior (do ovo), você já estará novamente interagindo com o seu meio e passará a se articular para encontrar uma nova experiência, um novo ser para amar. Você já passou pelo obstáculo do “nunca mais vou amar”, para o “acho que posso amar a pessoa certa”. A tua sensibilidade retoma a busca de novos sentimentos.
Parece brincadeira, mas no seu cristal ainda não totalmente refeito, não se define a imagem de ninguém que possa substituir aquele amor, agora distante. Na ampulheta da paixão a areia escorre fina e lenta, num ritmo desesperante. É hora de ter redobrada paciência. Na coluna seguinte esclareço o passo posterior.
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