Chegou pelo correio. Presente de uma amiga. O embrulho era pequeno. Percebi logo: uma das minhas queridas caixinhas. Era mesmo, de porcelana brilhante, bonita.
Muita gente nutre um gosto por alguma coisa de apelo simbólico. Há quem admire flores — deixando a casa sempre ajardinada, colorida e cheirosa —, ou plantas; tem a turma das tentadoras garrafas de vinho, dos DVDs, os entusiastas dos livros, bolsas, perfumes sapatos, selos, moedas, notas, a lista se alonga. Eu amo caixinhas: são discretas, mínimas, meigas, e carregam com elas fortes significados.
Colecionar alguma coisa é forma de valorizar o mundo ao redor. Além de instrutivo, entretém e permite empregar parcela de tempo de maneira proveitosa, em atividade que nos encanta, espanta o tédio e o estresse, cria recompensas importantes para nossa interioridade.
Minha preferência não foi escolhida por acaso, aleatoriamente. As caixinhas são um mimo que me alucina pelo seu caráter diversificado, terno, cheio de beleza.
Gosto bastante das caixinhas porque também funcionam como objetos de decoração. Pequenas são delicadas, maiores são imponentes, como uma joia, um ovo da Fabergè. A coleção cresceu nos últimos anos, hoje tenho centenas, muitas presenteadas por parentes ou amigos. Gosto demais das que tenho, das muitas outras que quero ter e até das que nunca vi, nem sei como são, mas só de pensar... já gosto delas também!
Caixinhas existem muitas: formas, tamanhos, materiais, pinturas, imagens, detalhes. Uma diferente da outra, com sua identidade, sua singularidade. Elas estão associadas, na minha compreensão das coisas, às almas com as quais tenho trabalhado nesses muitos anos de atividade espiritualista.
Como as caixinhas que recolho e coleciono, já encontrei almas esféricas, cúbicas, menores, maiores, mais rebuscadas, rococós. Frágeis ou resistentes, Fáceis de abrir ou difííííceis. Não é à toa que o ditado popular diz: “o ser humano é uma caixinha de surpresas”.
Escolha uma coleção para entreter os vazios e ócios da vida, uma paixão — mais linda quanto mais delicada e menor for — discreta, plácida. Poucas peças que contenham história, despertem memórias, remetam a experiências fortes, aventuras do humano. Comece modestamente, não exija muito, espere e veja que ela se tornará, como costuma acontecer com as melhores coisas da vida, caminho eficaz de vocação, forte abertura de felicidades.