O bem mais importante que alguém pode possuir não é a carteira, mas o coração – músculo do fluxo, da vida, da espiritualidade.
Os egípcios escolheram bem o lugar de destaque que lhe deram em sua poderosa simbologia esotérica. Sempre pulsando, como a mão do escriba, emite as ordens reais – comandos, determinações – e, ao mesmo tempo, registra os acontecimentos, as experiências de vida, base do aprendizado e progresso da alma.
Nós ocidentais, herdeiros dessa profunda escola de conhecimento ocultista, também temos uma relação bastante rica com ele. Reconhecido como abrigo do amor, o coração nos remete à bondade e generosidade, as duas colunas que sustentam uma vida melhor.
Ele, entrando nos quarenta anos, cardiologista, carreira em ascensão, ainda não sabia dessas coisas. Pode-se dizer que de coração ele entendia e não entendia ao mesmo tempo.
Sua relação com os pacientes (e seus respectivos corações) era mecânica. Coisa pragmática: holter de pressão, eletro, ergométrico, doppler, uma porção de exames. Frio, calculista, obcecado pela técnica, não escutava nada além do estetoscópio.
As coisas mudaram surpreendentemente com a doença do filho. Entrava na puberdade, treze anos incompletos quando sintomas rapidamente se apresentaram. Pipocamentos, feridas na pele, na boca, na garganta, na laringe. O menino deixou a escola, as atividades de que tanto gostava; abatido, caiu acamado, em intenso sofrimento.
Todos os contatos foram empregados. Alguns de seus mais competentes colegas. Dois antigos professores. Indicação em outra cidade, uma nos Estados Unidos. Hipóteses, investigações, tentativas. Alergia? Doença autoimune? Ramo da infectologia? Dúvida sobre dúvida, nenhuma resposta, nenhum progresso.
Depois de meio ano, cedeu. “Por que não?” indagou aflita a esposa. Eu a indicara o homeopata. Foram os três. O menino fraquinho, a mãe esperançosa, ele renitente.
Perto do seu, e de tantos que visitara no ofício, o consultório era de uma simplicidade monacal. Tudo ali, inclusive o próprio médico, era Zen, contrário da “decoração de ambientes” – estilo shopping ou restaurante fino – tão comum hoje em dia.
Longa conversa com o garoto. Do pequeno armário dois frasquinhos de cor castanha. Apenas isso. Em uma semana o quadro era outro, de cura e saúde. Ele também: outra pessoa, outro médico. Solícito, acolhedor, alonga o contato, humaniza como pode tudo e todos.
Como a esposa, o homeopata, eu mesma e – ouso dizer – o filho que atravessou complicada doença, compreendeu a mais profunda das lições espirituais. Há corações e corações. Neles não existem linhas retas, tudo caminha por vias indiretas.
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