Superar. Olhar para frente. Depois da fatalidade, a necessidade de força. Apesar da saudade, aceitar que tudo é mudança, tudo é provisório nesse mundo.
Passada a hora mais dura é momento de reflexão serena. O comportamento deve ser de virtude, de moderação e disciplina das paixões. Nosso compromisso espiritual com quem partiu, dobrou a curva da estrada, é a calma. Agitação aumenta os males e não funciona diante do inevitável.
É a mansidão que São Mateus (5, 5) indica como qualidade terrena, tranquilidade que resiste à maldade gratuita, que permite encarar nosso destino cheio, muitas vezes, de surpresas e percalços. A mansidão caminha lado a lado com a moderação, a sobriedade, a doçura, a suavidade, as armas do Espírito diante das potências do mundo.
Em alguns momentos da vida, diante do que se apresenta, somos exigidos leões. Mas, certas circunstâncias, são melhores enfrentadas pelo cordeiro. O exagero, a prepotência, a insolência seriam inúteis e dolorosas. A vitória é se afastar profundamente do rancor e desejo de vingança, atravessar o fogo sem se machucar.
Para as mão vazias, trêmulas, das mães enlutadas, mãos que tateiam inutilmente à procura de algo que não pode mais ser tocado nessa esfera física, queria compartilhar esse conselho: como sabem tarimbados homens do mar, direcionar a quilha para enfrentar a tempestade é inútil. O correto é abaixar as velas para salvar o barco, acreditar na simplicidade e na compaixão até que o sopro da vida retorne mais macio.
Assim deve ser a solidariedade com quem perdeu o riso maroto e o olhar iluminado de um filho jovem, uma filha linda. Como proceder? Não desgostar, não desesperar. A batalha sem tréguas contra o inevitável, contra o transitório, não se ganha no aço frio das armas e forças. Sem adversário a ser batido, a vitória está na coragem generosa com que nos afastamos da violência e do drama. Na beleza com que dedicamos, física e espiritualmente, toda a intensidade à busca de uma perfeição que sabemos existir apenas como desafio para seguirmos adiante.
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