O esoterismo, como pode acontecer com todas as coisas humanas, é muitas vezes mal conduzido: aplicado equivocadamente, dirigido de forma enganosa. Claro que, como trabalho com o assunto, isso me incomoda.
Foi assim, incomodada, que fiquei ao ouvir não o sonho, mas o desfecho interpretativo que minha cliente relatou ter recebido, alguns dias antes, por um profissional da área mística, que disse a ela: “seus caminhos estão fechados”.
Era complicado. Eu percebia algo diametralmente oposto, ampliação de horizontes, avanço progressivo e superação de algumas dificuldades que a acompanhavam há dois anos.
Atravessando momento de mudança, uma semana antes, no auge das revoluções e renovações místicas que a acolheriam dali para diante, ela tinha sonhado com ele, o seu grande amor, o namorado que não decidia se casava ou não. Foi de enorme intensidade, sonho marcante, significativo, que a despertou ansiosa, com o coração batendo acelerado.
Como tantas vezes acontece com os sonhos, esse também vinha complicado, um pouco confuso. Os acontecimentos do sonho em si, que narro logo mais, não eram nada de espetacular, mas a emoção que tinha movido na minha cliente, angustiada e suando frio em plena escuridão da madrugada, era forte e devia ser compreendida em suas conexões com as coisas do futuro.
Vamos ao sonho. Duas imagens que se sucedem. Na primeira surge uma de suas bolsas, a que usa com frequência no dia a dia. A bolsa está fechada, zíper corrido, sobre a mesinha do hall de entrada do apartamento. Ao lado, olhando fixo para a bolsa, muito sério, o namorado.
Corte abrupto, segunda imagem. Ela olha de novo e repara que a bolsa foi aberta. Todos os objetos – carteira, escova de cabelo, agenda, caneta, batom, muitos outros (sim, é bolsa de mulher afinal!) – estão espalhados. O namorado, agora sorrindo.
Como ela me contou, na consulta que indicou “caminhos fechados”, interpretou-se que o namorado não era de confiança, poderia roubá-la. Como a mensagem dos sonhos é mais sutil e está vinculada a contextos maiores da experiência de vida naquele momento, entendendo a moldura existencial daquela moça, organizando meus dons, vi coisa distinta.
Ela sairia sim da zona de conforto. As coisas pulando para fora da bolsa mostravam que sua vida seria chacoalhada, que tudo mudaria de posicionamento. Ela anuiu. Estava mesmo sentindo que o namorado estava se organizando, tocava na ideia de ficarem juntos.
Duas coisas boas. Uma: até aqui nada de roubo. Outra: ele, mais decidido do que nunca, organizou um passeio grande para julho, cruzeiro de alguns dias para o sul do continente. Quanto a mim, serenamente reaprendo uma velha lição: quantas coisas o sonho transporta. Mas elas nunca estão visíveis. É preciso garimpar.
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