Gosto da espiritualidade como um conhecimento que indica o caminho da sabedoria, ajuda a enfrentar os medos e as culpas, as situações que escapam às regras e modelos. Ela é mais importante e necessária quando estamos em crise, diante de confrontos decisivos. Quero pegar um exemplo.
Um problema cada vez mais comum é aquele ligado às nossas vivências amorosas. Estabelecemos relações apoiadas em uma série de acordos, um desses acordos básicos é o da fidelidade, sendo poucas as exceções. É muito raro um casamento ou compromisso fixo que não tenha a fidelidade como um princípio explícito.
No entanto, tem se tornado bastante comum, num certo momento, mesmo comprometidos, nos interessarmos ou nos apaixonarmos por alguém diferente. Instala-se o conflito, motivação para fazer coisas que vão contra nossos próprios valores. É uma espécie de travessia do deserto, exigência de possíveis decisões das quais não haverá porque se orgulhar.
Curiosamente é bastante comum que as pessoas, feita tal transição, entrem numa relação na qual vão fazer valer os mesmos valores que elas descumpriram em determinado episódio, durante um tempo. Não é complicado?
A espiritualidade é apoio para fazer essa passagem e posterior reacomodação. Ela aceita que os carmas estão em movimento, que as coisas estabelecidas podem se desfazer para, mais à frente, se reestabelecerem diferentes, de modo mais apropriado com as forças trazidas de vidas anteriores, peças do grande quebra-cabeças cósmico.
Ela é socorro na hora em que confrontamos a transformação, em que oscilamos entre o que é melhor e mais importante, em que precisamos entender o destino, não pura e simplesmente apagá-lo, varrer para debaixo do tapete.
Na espiritualidade podemos encontrar auxílios para esses episódios de renovação, embebidos em dúvidas amargas. Ela nos socorre duplamente. Por um lado é apoio na avaliação da qualidade de uma história afetiva consolidada – o quanto amamos quem está ao nosso lado, como são nossos planos, nossas sintonias, nossos projetos, nossas batalhas, nossas construções.
Por outro, serve como referência para medirmos os horizontes de uma nova possibilidade, que se abre quando nos apaixonamos por alguém e precisamos avaliar e entender apropriadamente a veracidade dos nossos novos sentimentos – que podem ser intensos e igualmente passageiros, levando ao equívoco e à dor.
Fico contente quando encontro a espiritualidade realizando essa elevada vocação. Orientando a busca da verdade emocional. Indicando autenticidades que derrubam a mentira e o fingimento.
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